São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011 |
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CLÓVIS ROSSI Políticos, deletados SÃO PAULO - Foi inútil todo o meu colossal esforço para me comover com a perspectiva da mudança de partido de Gilberto Kassab. É irrelevante. Ou melhor, são irrelevantes o personagem e a perspectiva. Na verdade, o empenho do prefeito faz parte da triste coreografia da classe política de cuidar de seus interesses, que não interessam minimamente ao público, salvo, é claro, aos seus compadres políticos. É um fenômeno mundial, de que dá gritante testemunho o caso do Egito. Não, não me refiro à revolução em si. Que ela tivesse a condução da rua e não dos políticos, até se entende. Os partidos políticos ou estavam banidos ou subjugados, o que naturalmente impede a comunicação com o público. Mas, derrubado o ditador e iniciado um processo político, a rua reúne-se com o novo poder em separado, não com os políticos tradicionais, que servem em tese para fazer precisamente a intermediação entre a sociedade e o Estado. A ligação direta é uma anomalia, promissora e ao mesmo tempo inquietante (toda novidade tem seu lado incômodo). Mas o Egito não é o único exemplo. Na Itália, domingo, as mulheres tomaram o lugar dos partidos políticos para organizar o primeiro grande protesto de massa contra a esculhambação promovida pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Nenhuma bandeira de partido político enfeitou o protesto (ou sujou, ao gosto de cada qual). No México, acaba de sair pesquisa que põe senadores, ministros (os funcionários políticos do Executivo) e deputados entre os menos queridos, de muito, muito longe. Escolhi apenas três exemplos primeiro porque são da atualidade imediata e, segundo, porque cobrem uma geografia e histórias muito diferentes, embora todas sejam ancestrais. Não me forcem, por favor, a falar do Brasil. crossi@uol.com.br Texto Anterior: Editoriais: Na cama com Berlusconi Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Um grande teatro Índice | Comunicar Erros |
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