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VINICIUS TORRES FREIRE
O que pensa Alckmin?
SÃO PAULO - A candidatura de Geraldo Alckmin ainda não passa de
um personagem à procura de um autor. Por ora, Alckmin dispõe apenas
de um padrinho, Tasso Jereissati, encarregado de federalizar a figura do
ex-governador paulista e de apresentá-lo ao eleitor nordestino.
Tasso nomeou o coordenador da
campanha alckmista e o responsável
por rascunhar-lhe um programa econômico. Mas Alckmin 2006 ainda
não tem um projeto: articulações
com grupos sociais e com grupos de
reflexão que representem, e não apenas redijam, um programa.
Alckmin tem deixado empresários
desanimados com a falta de precisão
e de concretude de seu discurso de
campanha -menos Estado, mais
crescimento. Consideram que Alckmin precisa reunir nomes técnica e
politicamente representativos para
refinar e implementar esse projeto.
Têm como provincianos muitos dos
alckmistas de São Paulo. Reclamam
um símbolo de campanha, uma
mensagem simples, direta e forte, que
possa vender o nome do candidato
pelo interior do país e mostrar sua diferença em relação ao lulismo.
Tais empresários são alckmistas de
primeira hora. Não são viúvas de José
Serra nem aqueles que mantêm um
pé na canoa do lulismo e outro no
barco tucano. Além de não entusiasmar sua base de origem, Alckmin
ainda está desconectado de outras
forças políticas, sociais e intelectuais.
Alckmin já conversou com Yoshiaki Nakano, destaque entre economistas tucanos de São Paulo. Com Luiz
Carlos Mendonça de Barros, que foi o
ministro desenvolvimentista de FHC
sem nunca ter sido. Com os cavaleiros do Real de FHC, economistas da
PUC-RJ ou agregados na Casa das
Graças, think tank ultraliberal. Não
fechou com ninguém.
Alckmin não pode contar tampouco, claro, com movimentos sociais organizados nem sindicatos. Tem poucas conexões com grandes caciques
regionais e escassa intimidade com o
alto clero do Congresso.
Por ora, Alckmin vive só da imagem de administrador bom moço e
da raiva da classe média contra Lula.
@ - vinit@uol.com.br
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