São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 2006

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VINICIUS TORRES FREIRE

O que pensa Alckmin?

SÃO PAULO - A candidatura de Geraldo Alckmin ainda não passa de um personagem à procura de um autor. Por ora, Alckmin dispõe apenas de um padrinho, Tasso Jereissati, encarregado de federalizar a figura do ex-governador paulista e de apresentá-lo ao eleitor nordestino.
Tasso nomeou o coordenador da campanha alckmista e o responsável por rascunhar-lhe um programa econômico. Mas Alckmin 2006 ainda não tem um projeto: articulações com grupos sociais e com grupos de reflexão que representem, e não apenas redijam, um programa.
Alckmin tem deixado empresários desanimados com a falta de precisão e de concretude de seu discurso de campanha -menos Estado, mais crescimento. Consideram que Alckmin precisa reunir nomes técnica e politicamente representativos para refinar e implementar esse projeto.
Têm como provincianos muitos dos alckmistas de São Paulo. Reclamam um símbolo de campanha, uma mensagem simples, direta e forte, que possa vender o nome do candidato pelo interior do país e mostrar sua diferença em relação ao lulismo.
Tais empresários são alckmistas de primeira hora. Não são viúvas de José Serra nem aqueles que mantêm um pé na canoa do lulismo e outro no barco tucano. Além de não entusiasmar sua base de origem, Alckmin ainda está desconectado de outras forças políticas, sociais e intelectuais.
Alckmin já conversou com Yoshiaki Nakano, destaque entre economistas tucanos de São Paulo. Com Luiz Carlos Mendonça de Barros, que foi o ministro desenvolvimentista de FHC sem nunca ter sido. Com os cavaleiros do Real de FHC, economistas da PUC-RJ ou agregados na Casa das Graças, think tank ultraliberal. Não fechou com ninguém.
Alckmin não pode contar tampouco, claro, com movimentos sociais organizados nem sindicatos. Tem poucas conexões com grandes caciques regionais e escassa intimidade com o alto clero do Congresso.
Por ora, Alckmin vive só da imagem de administrador bom moço e da raiva da classe média contra Lula.

@ - vinit@uol.com.br


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