São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 2005

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br


"Mensalão"
"A toda hora, lembro-me da cena final do filme de Francesco Rosi chamado "Cadáveres Ilustres". Quando indagado sobre o porquê do acobertamento de crimes do governo, com a conivência da oposição, um membro do Partido Comunista responde macabramente que "a verdade nem sempre é revolucionária". Parece-me que se está repetindo no Brasil um fato parecido. Todos, governo, oposição, mídia e até o denunciante, estão numa conspiração do silêncio para poupar o presidente Lula. Não é possível que um homem que fundou um partido político que agora está no poder, que lidou no dia-a-dia com um sindicato nos anos de chumbo, que fundou uma central sindical e que, habilmente, tratou dos seus conflitos inerentes não estivesse sabendo do que ocorria num gabinete ao lado do seu. Somos todos ingênuos agora? A verdade nem sempre é revolucionária?"
Pedro Ferreira de Freitas (Valinhos, SP)

 

"Mais do que a oposição propriamente dita, a imprensa é a que melhor representa o papel da turma do "quanto pior melhor". Exemplo disso é o inconformismo dos grandes veículos de comunicação, mostrado em editoriais, artigos e crônicas, com o fato de o presidente Lula, no meio de tanta denúncia e tanta troca de acusações, continuar governando com serenidade e com o fato de os investidores ainda não terem batido a porta na cara do Brasil."
Marcos Aurélio Capitão (Mairinque, SP)

 

"Serenidade é o substantivo a ser cultivado neste momento de inquietação em Brasília. É compreensível que a mídia queira desvendar todos os aspectos do "affair" Roberto Jefferson -até para cumprir um dos seus papéis mais relevantes, que é o de trazer a público os fatos desabonadores de membros do governo. O que, às vezes, ocorre quando o substantivo não é observado, entretanto, são comentários no mínimo indevidos. Considerar de antemão todo o governo como um antro de podridão não faz sentido. Dizer de antemão que o governo praticamente acabou mostra uma evidente falta de lucidez. Mencionar a toda hora o governo de Collor, ainda que para sugerir diferenças, é despropósito. A pressão da imprensa é necessária, pois, sem ela, qualquer denúncia seria abafada, mas não vamos deixar de substantivar os comentários."
Robert Silva (São Paulo, SP)

Choro
"A presidência e a relatoria da CPI dos Correios ficaram com o governo: agora quem chora somos nós!"
Vera Lima (São Paulo, SP)

Trianon
"Ao limitar o acesso ao parque Trianon ("Trianon limita acesso por falta de segurança", Cotidiano, 16/6), a administração José Serra demonstra uma vocação para atitudes paliativas e protelatórias. Em vez de enfrentar o problema da "cracolândia", a prefeitura empreendeu um processo "cosmético" e transferiu o problema de lugar -no caso, para as proximidades da avenida Rio Branco. A passagem sob a rua da Consolação foi fechada por estar pichada, escura e suja. Não seria mais adequado garantir a sua manutenção? Agora a gestão tucana, em vez de reforçar a vigilância no Trianon, prefere limitar o acesso dos munícipes a poucas entradas. Por causa da ineficácia do poder público, os cidadãos de bem têm cada vez menos espaço para circular.
Alexandre Matos (São Paulo, SP)

 

"Conforme publicou a Folha ontem, o presidente Lula pediu para ser julgado só no final de seu mandato. Atrevo-me a discordar do companheiro presidente, pois entendo que Lula, devido à sua história, já está sendo julgado desde o dia de sua posse. É natural e normal que julguemos os políticos em suas atitudes no dia-a-dia e não apenas no fim do mandato. Faz parte da democracia."
Jurcy Querido Moreira (Guaratinguetá, SP)

Prefeitura
"O projeto de lei sobre o passe livre ao desempregado, de autoria de um vereador do PT, foi vetado por ser uma farsa ("Serra agora veta promessa de campanha", Cotidiano, pág. C1, 16/6). De acordo com o projeto, um trabalhador que perde seu emprego não receberia esse passe livre antes de três, cinco ou oito meses, períodos em que ele mais se movimenta para procurar trabalho. Ao mesmo tempo, o projeto permite e estimula que um trabalhador empregado, mas sem carteira assinada, receba o passe livre por tempo praticamente indefinido. Ora, José Serra jamais prometeu criar uma aberração desse tipo, ao contrário do que permite supor a reportagem da Folha. Mais ainda. Se o projeto do PT (recusado pela ex-prefeita Marta Suplicy) tivesse sido aprovado, o custo anual potencial não seria inferior a R$ 2 bilhões (maior do que todo o Orçamento próprio do município para a Saúde). O Orçamento deste ano previu R$ 20 milhões para passe livre aos desempregados. Pois bem, a reportagem da Folha deixou de mencionar, apesar de isso constar das razões do veto, que esse montante seria suficiente apenas para dez viagens de ida durante todo um ano para os desempregados da cidade. Por último, é óbvio que o projeto do PT viola a Lei de Responsabilidade Fiscal, que a Folha tem defendido até em editoriais. E o prefeito Serra, um dos inspiradores dessa lei, jamais cogitaria descumpri-la."
Sérgio Rondino, assessor de imprensa do prefeito José Serra (São Paulo, SP)

Paraná
"No dia 8 de junho, em entrevista a uma emissora de rádio, o governador do Paraná, Roberto Requião, afirmou que o deputado estadual Edson Praczyk (PL) pedira R$ 45 mil por mês para votar com o governo na Assembléia Legislativa do Paraná. O pedido fora feito ao secretário de Comunicação do governo do Estado, Airton Pissetti. Como era de esperar, o deputado negou a acusação, e o secretário de Comunicação, em nota oficial, reafirmou-a. Pois bem, na terça-feira passada, 14 de junho, a Folha, à página A10, dá a notícia distorcendo os fatos, invertendo as acusações. Já pelo título da reportagem isso fica claro ("Deputados vêem "mensalão" de Requião'). Quem denunciou o pedido de mesada foi o governador e, no texto da correspondente da Folha em Curitiba, o governador aparece como autor da proposta. O lide do texto privilegia a versão dos deputados denunciados. É estarrecedora a forma como o jornal deu a notícia. O governador faz a denúncia, mas surge nas páginas da Folha como denunciado. Seria como inverter todas as acusações feitas pelo deputado Roberto Jefferson, transmudando o seu papel. Como justificar isso a não ser pela declarada e já tão sabida má vontade da correspondente da Folha em Curitiba para com o governador Roberto Requião? Os senhores perceberam a gravidade da distorção que praticaram? Perceberam a inversão de papéis?"
Marisa Villela, assessoria de imprensa do governo do Estado do Paraná (Curitiba, PR)

Justiça
"Louvável a operação de guerra montada pela Polícia Federal para prender o comando da cervejaria Schincariol por suposta sonegação fiscal. É lamentável, no entanto, que a mesma atitude não tenha sido tomada contra os controladores do Banco Santos, capitaneados por Edemar Cid Ferreira."
Maria Beatriz Di Stefano (São Paulo, SP)

Preconceito
"Parabenizo Lilia Moritz Schwarcz e Marcos Chor Maio pelo texto "A pedagogia racial do MEC" ("Tendências/Debates", 16/6), de capital importância para toda a sociedade. Assim como o mito da raça, outros tantos precisam ser apontados e derrubados."
Mirian Silva Rossi (São Paulo, SP)


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