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São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2003

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CARLOS HEITOR CONY

Esperança e desespero

RIO DE JANEIRO - Por motivos profissionais, sou obrigado a viver plugado no computador e, como todo mundo, recebo mensagens de diversas naturezas. Além das pessoais, predominam as de entidades e de indivíduos que estão desesperados com a situação e, sem acesso natural aos meios de comunicação, enviam suas críticas e desabafos pela internet na esperança de que alguém tome providências.
Descontando interesses contrariados e denúncias gratuitas ou comprovadas, o que predomina é mesmo o desencanto generalizado, não ainda com Lula, sua pessoa física e histórica, mas com seu governo.
Na mídia, sobretudo nos jornais impressos, nota-se esse mesmo descontentamento, mas de forma embrionária. Em linhas gerais, os profissionais se obrigam a ser cautelosos, a medir palavras e insinuações. Contudo há um fosso no tamanho e na profundidade entre as críticas que se lêem nos jornais e as que chegam diariamente à telinha de nossos computadores.
Certo. É ainda uma minoria que frequenta a internet e dispõe de tecnologia suficiente para expressar sua opinião a respeito do atual governo. Uns pelos outros, reconhecem que os sete meses e meio da nova era ainda são poucos para uma condenação radical. Mas a linha média desses desabafos revela, além do desalento, um certo estupor pelo rumo que as coisas estão tomando. Nem chegam a ser reclamações setoriais, como as dos magistrados, servidores em geral, gente sem teto, sem terra e sem emprego.
As críticas mais contundentes procedem de uma faixa da população que tem emprego, tem casa, tem teto e exerce ofícios na iniciativa privada. Curiosamente, esses desabafos chegam minguadamente à mídia. E, quando chegam, são logo atenuados com o apelo à esperança, ao futuro do Brasil e à proteção de Deus Todo-Poderoso.



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