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São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2003

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Judaísmo faz bem e faz o bem

JAYME BLAY


Entre os inúmeros valores cultuados pelo judaísmo, há o "tzedaká", que significa justiça social

O que tem feito e faz a comunidade judaica em prol da sociedade brasileira? Algumas pessoas têm conhecimento, a maioria não sabe o suficiente, porque raramente são divulgadas as ações por ela empreendidas, especialmente na área social, visando levar aos mais necessitados apoio espiritual e, com maior ênfase, auxílio material imediato para minimizar a carência de uma imensa população marginalizada.
Dentre os inúmeros valores morais cultuados pelo judaísmo há um que se salienta. É chamado de "tzedaká", que, traduzido para o português, significa justiça social. É palavra-chave, que guia rigorosamente os judeus, os faz pensar e se dedicar ao próximo sem diferença de etnia, cor, credo, ideologia ou status. O importante é eliminar as privações e elevá-lo à condição de cidadão com todos os privilégios e responsabilidades inerentes à sua condição de ser humano.
Sob um mesmo teto, representado pela Federação Israelita do Estado de São Paulo, dezenas de entidades da comunidade judaica, que reúnem muitas centenas de voluntários, dedicam-se a levar a milhares de pessoas, em várias regiões do Estado, alimentos, remédios, educação, orientação familiar, assistência a excepcionais e um sem número de outros benefícios, absolutamente imprescindíveis na atual conjuntura para, ao lado das autoridades constituídas, minorar o drama vivido por irmãos praticamente à beira do abismo.
Na comunidade judaica existem instituições como a Unibes (União Israelita do Bem Estar Social), várias vezes premiada por sua atuação, que possui uma creche considerada modelo, acolhe adolescentes, dá assistência psicológica a famílias necessitadas, proporciona atendimentos odontológicos e médicos, além de, diariamente, fornecer medicamentos a uma multidão de pessoas necessitadas. Também há o refeitório assistencial Ten Yad, que fornece, gratuita e diariamente, alimentos a um número incalculável de pessoas, dando ainda apoio a um dos restaurantes assistenciais "Bom Prato" do governo de SP. É igualmente importante citar o Ciam (Centro Israelita de Assistência ao Menor), que cuida especificamente de excepcionais; o Lar Golda Meir, que dá atendimento total aos idosos; o Lar das Crianças da Congregação Israelita Paulista; que abriga e educa menores; e a OAT (Oficina Abrigada do Trabalho), cuja missão é ensinar e encaminhar pessoas excepcionais a encontrar oportunidades no mercado de trabalho. O Beit Chabad desenvolve o Projeto Felicidade, destinado a crianças sem recursos, portadoras de câncer, provindas de todos os Estados do país.
A comunidade judaica não se limita a estes trabalhos sociais. Há muito mais, que é feito rotineiramente pelos seus voluntários. Por exemplo, de parte do Hospital Israelita Albert Einstein, atendimento médico de altíssima qualidade a milhares de famílias carentes da Favela de Paraisópolis. Além do próprio Departamento de Assistência Social da Federação Israelita, com seus programas Ajuda Alimentando, distribuindo toneladas de alimentos a mais de 20 entidades assistenciais sediadas na periferia de São Paulo e o Posto de Orientação Familiar na Favela de Paraisópolis, com cursos de reforço escolar e capacitação para centenas de pessoas carentes.
Finalmente, a Federação Israelita está totalmente engajada no programa Fome Zero do governo federal, ao lado da Confederação Israelita do Brasil e do Hospital Israelita Albert Einstein.
A Federação Israelita do Estado de São Paulo, a exemplo de muitos outros órgãos representativos da sociedade brasileira, hoje necessita, com urgência, de maiores recursos para dar continuidade ao atendimento em suas ações de "tzedaká". Como obtê-los, a não ser através de uma campanha motivadora, que pudesse sensibilizar os membros da comunidade judaica e todas as pessoas de boa vontade? Foi para responder a essa demanda que nasceu a idéia de uma campanha especial, criada e desenvolvida só com a contribuição voluntária de dezenas de pessoas, entre as quais celebridades, publicitários e a imprensa. Seu tema não exigiu grandes discussões. Surgiu normalmente: "Judaísmo faz bem e faz o bem". É o que exige a "tzedaká", a justiça social, que é o norte de todo cidadão que professa o judaísmo.
Com satisfação podemos afirmar que a campanha esquematizada e promovida pela Fisesp está obtendo êxito sem precedentes. Está mostrando a coesão da comunidade judaica em torno de suas tradições e valores. Uma patente demonstração de que, ao ajudar ao próximo, ela está não só contribuindo para o equilíbrio da sociedade brasileira, mas, de forma objetiva, para a construção de um mundo melhor para todos os homens que o habitam. Como está escrito na Bíblia e é repetido em nossas orações, nas sinagogas: "Quando houver entre ti algum pobre, lhe abrirás a tua mão" (Deuteronômio, cap. 15)"

Jayme Blay, 63, engenheiro, é presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo


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