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A PARTE DOS BANCOS
Numa economia cheia de
problemas, não é difícil reunir
alguns deles para justificar padrões
de comportamento que parecem escapar à normalidade. No caso dos
elevados juros e "spreads" cobrados
pelo setor bancário, uma série de explicações tem sido evocada: a elevada
taxa Selic, o risco da inadimplência,
os empréstimos compulsórios, a tributação e a ausência de melhores garantias em situações falimentares.
Embora tudo isso influencie a formação dos valores cobrados no crédito a empresas e consumidores, o
fato é que se difunde na sociedade a
percepção de que o sistema financeiro tende a ser praticamente "inelástico" a avanços na remoção desses
obstáculos. Nesse sentido, a mensagem aos bancos endereçada pelo ministro José Dirceu, da Casa Civil, cobrando melhores taxas no crédito,
representa uma preocupação real daqueles que acompanham o quadro
econômico com a expectativa de que
o setor produtivo volte a ocupar papel de relevo na geração de empregos
e de riquezas para o país.
Por mais que os bancos solicitem
compreensão dos demais agentes
econômicos para seus problemas, o
mero exame dos ganhos obtidos sugere que há distorções a corrigir.
Segundo estudo da consultoria
Austin Asis, o lucro dos 12 principais
bancos no primeiro semestre do ano
atingiu US$ 1,49 bilhão, contra US$
1,41 bilhão em igual período de 2002
e US$ 1,47 bilhão, em 2001. Em 2002,
apenas quatro dos maiores bancos
privados brasileiros apresentaram
lucros próximos a R$ 7 bilhões. Não
parece haver motivo para queixas.
São patentes as dificuldades que o
setor financeiro no Brasil tem demonstrado para desempenhar sua
função de fornecer crédito em condições razoáveis ao setor produtivo.
Analistas internacionais, ligados ao
FMI e ao Tesouro dos EUA, já divulgaram estudos a respeito, nos quais
a oligopolização financeira é uma
das explicações aventadas.
É de esperar que novas reduções da
taxa básica venham efetivamente a
repercutir sobre o crédito, sob pena
de a economia real não poder contar
com as condições adequadas para a
retomada do crescimento.
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