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CLÓVIS ROSSI
Como me livro da internet livre?
SÃO PAULO - OK, Fernando Rodrigues, você venceu, pelo menos
no primeiro tempo: o Senado liberou geral (ou quase) a internet para
a campanha eleitoral, tal como você
exigiu. Nada contra a liberação, mas
agora quero que você me ensine como defender a minha liberdade da
liberdade da internet.
Já há essa montanha de "spams"
que nem o melhor anti-spam consegue deter completamente. Já há,
para jornalistas, a pilha de "press-releases" que antes chegava no papel e agora entope a nossa caixa eletrônica de correspondência.
Não falta a praga dos blogs. Todo
blogueiro parece achar que eu não
consigo começar o dia (ou terminá-lo) sem ler o seu imperdível blog. É
claro que, em época de campanha
eleitoral, só pode aumentar a quantidade.
Acho que a legislação e até a Declaração Universal dos Direitos do
Homem (e da Mulher) deveria incorporar o seguinte artigo: "Todo
ser humano tem o direito inalienável a escolher ele próprio quais
blogs quer ler. Quem impuser seu
blog à caixa postal alheia cometerá
crime de lesa-humanidade".
Não faltam assessores de imprensa zelosos que mandam tudo o
que seu chefe diz. Eu recebo diariamente todas as falas, por exemplo,
do governador Aécio Neves. Fico
aterrorizado só de pensar como será na hipótese de Aécio Neves ser
candidato, qualquer que seja o cargo a que concorra.
Recebo também diariamente
uma correspondência com o título
"Imagens do Piratini". Imagino que
seja do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho. Olha, eu adoro o Rio
Grande, sei até estrofes dos hinos
do Grêmio e do Internacional, mas
me reservo o direito de eu mesmo
procurar que "imagens do Piratini"
me interessam.
Na campanha eleitoral, tudo isso
será multiplicado por mil ou mais.
Desse jeito, não vai sobrar tempo
para trabalhar. Será esse o preço da
liberdade?
crossi@uol.com.br
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