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KENNETH MAXWELL
O desafio do juiz Rakoff
O PRESIDENTE Barack Obama esteve em Nova York na
segunda-feira. Almoçou
com o ex-presidente Bill Clinton. O
evento não produziu muitas notícias, a não ser uma foto na primeira
página do "New York Times". Em
seguida, Obama pronunciou um
importante discurso no Federal
Hall, em Wall Street, o local da posse do general George Washington
como presidente.
Houve pouca referência na imprensa ao que o presidente efetivamente disse. As histórias giravam
muito mais em torno das reações
da plateia, formada por figurões de
uma Wall Street gélida, para dizer o
mínimo.
O discurso no Federal Hall marcava o primeiro aniversário do colapso do Banco Lehman Brothers e
o início da pior crise econômica
desde a Grande Depressão. O objetivo do presidente era inspirar os
compatriotas quanto a uma grande
reforma no sistema financeiro.
Mas era uma causa difícil de defender. A audiência o aplaudiu apenas uma vez. Reunidos para ouvir o
presidente estavam gigantes do
mundo das finanças, como Richard
Parsons, presidente do conselho
do Citigroup; Gary Cohn, presidente do Goldman Sachs; Roger Altman, presidente-executivo da
Evercore Partners; e Peter Peterson, fundador do Blackstone
Group.
"Não voltaremos aos dias de
comportamento insensato e excessos incontidos que estão no cerne
desta crise, nos quais muita gente
estava motivada apenas pelo lucro
rápido e por bonificações inchadas", disse Obama aos financistas.
Mas a realidade é que as maiores
empresas de Wall Street estão conduzindo forte lobby para garantir
que quaisquer tentativas de limitar
o salário dos executivos sejam derrotadas.
Com o Congresso em Washington preocupado com a questão da
saúde, e diante de forte oposição às
suas propostas para a reforma do
sistema financeiro, o presidente
Obama retornou de sua folga em
Martha's Vineyard, em agosto, para encontrar uma virada radical
nas percepções públicas. A porcentagem de pessoas que dizem que
são "fortemente contrárias às
ações do presidente" cresceu de
6% em fevereiro para 35% hoje.
Foi preciso um juiz federal, Jed
Rakoff, para reconduzir a atenção
às questões reais que estão em jogo. Na segunda-feira, ele rejeitou
um acordo extrajudicial de US$ 33
milhões entre a Securities and Exchange Commission (SEC, órgão
que fiscaliza e regulamenta o mercado de valores mobiliários) e o
Bank of America, observando que
ele "não se coaduna com as mais
elementares noções de justiça e
moralidade". O juiz ordenou que as
partes vão a julgamento em fevereiro.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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