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FERNANDO RODRIGUES
Pergunte ao Lula
BRASÍLIA - A cúpula do G20 foi
"histórica", disse Lula. "Um grande
sucesso", afirmou Bush. Vamos
aguardar um pouco. É incerta a capacidade de os países envolvidos se
acertarem para criar um grande xerife mundial do setor financeiro.
O comunicado do G20 é amplo e
vago. Assemelha-se a dezenas de
planos anticrise no Brasil. Alguém
se lembra do "pacote 51" de FHC? O
maior obstáculo do G20 será obter
consenso para regulamentação no
plano internacional.
No caso dos papéis exóticos conhecidos como derivativos, os EUA
saíram na frente. Tomaram medidas relevantes na última sexta-feira, antes da cúpula. Pouco se falou
ou ouviu a respeito porque é raro
encontrar alguém que entenda do
assunto.
No seu comunicado de sexta-feira, o Tesouro norte-americano
anunciou a criação de uma câmara
de compensação para derivativos,
que "começará suas operações antes do final de 2008". É um prazo
incrivelmente pequeno para algo
quase revolucionário nessa área.
Haverá mais transparência e segurança num mercado responsável
pela "débâcle" atual, embora muito
útil para sustentar o crescimento
do mundo na última década.
Lula vive colocando a culpa pela
crise nos países ricos. Sua frase-síntese tem sido "perguntem ao Bush".
No convescote em Washington,
não consta ter sido tão duro assim.
Refestelou-se em sorrisos ao lado
do norte-americano na sessão de
fotos, no sábado.
O presidente do Brasil talvez pudesse também "perguntar ao Bush"
como fazer para regular o mercado
de derivativos. Quando empresas
começaram a bater na porta do Planalto pedindo água por terem apostado contra o dólar, ninguém ali sabia ao certo o tamanho do buraco.
Seria necessário mais regulação e
transparência. Nos EUA, essa já começa a ser uma realidade. E aqui?
Pergunte ao Lula.
frodriguesbsb@uol.com.br
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