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China mais aberta
Bancos estrangeiros poderão atuar no varejo do sistema financeiro chinês, ofertando serviços em moeda local
A CHINA deu mais um
passo em seu longo
processo de integração
à economia internacional. Desde sexta, bancos estrangeiros foram autorizados a oferecer serviços -depósitos, empréstimos, investimentos, cartões de crédito- em yuans para
pessoas físicas e jurídicas. As 103
instituições bancárias estrangeiras presentes na China tinham
permissão para operar apenas
em dólares e com empresas.
A nova medida adotada pela ditadura chinesa consolida a abertura do setor bancário chinês,
negociada na Organização Mundial do Comércio. As instituições
bancárias, no entanto, deverão
cumprir uma série de exigências,
tais como constituir-se como
pessoa jurídica local, e não como
meras filiais, com capital mínimo de US$ 125 milhões e fazer
provisões de US$ 12,5 milhões
para cada agência que quiserem
abrir. As novas regras deverão
fomentar a corrida pelo mercado
financeiro chinês.
Considerados o dinamismo da
economia -taxa média de crescimento em torno de 10% ao ano
desde 1978- e o tamanho da população (1,3 bilhão de habitantes), o mercado bancário chinês é
o mais atraente do mundo. O volume de depósitos soma US$ 4,3
trilhões, mais de quatro vezes o
PIB brasileiro. O estoque de crédito atinge US$ 2,9 trilhões, ou
120% do PIB. No Brasil, a relação
gira em torno de 33% do PIB.
A entrada de instituições estrangeiras foi permitida apenas
depois de concluída uma ampla
reestruturação do sistema bancário doméstico, sobretudo dos
quatro grandes bancos públicos
-bancos privados chineses são
proibidos. O Banco da China, o
Industrial e Comercial, o da
Construção e o da Agricultura foram os principais agentes financeiros do desenvolvimento chinês, efetuaram grandes negócios, mas também tiveram enormes prejuízos.
Eles foram objeto de uma profunda reforma nos últimos anos,
a fim de prepará-los para enfrentar a concorrência estrangeira. O
programa incluiu a capitalização
(de US$ 100 bilhões a US$ 280
bilhões, de acordo com as estimativas), a transferência de créditos de recuperação duvidosa
para outras estatais, a abertura
do capital e a entrada de sócios
estrangeiros minoritários.
Três desses bancos já fizeram
oferta pública de ações e passaram a ser listados nas Bolsas de
Hong Kong e Xangai. Ao lançar
ações no mercado, são forçados a
enquadrar-se nas regras internacionais aplicáveis às companhias
abertas, como sistemas transparentes de contabilidade e mecanismos de gestão de risco.
Configura-se, portanto, cada
vez mais tentacular e agressiva a
inserção chinesa na economia
mundial. Diante de tamanha pujança da China, ressalta a carência absoluta de uma resposta estratégica do Brasil. Está equivocado o pressuposto que leva o governo Lula a tratar Pequim como
se fosse um aliado preferencial
nos negócios e na diplomacia.
China e Brasil, no filão nobre
dos produtos industrializados,
disputam o mesmo mercado.
Manufaturados chineses invadem a América Latina e alguns
segmentos do próprio mercado
brasileiro. É hora de despertar.
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