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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
A força das águas
Nesta semana, chuvas torrenciais caíram em várias áreas do
Brasil, causando desabamentos, interrupção de estradas, enxurradas. O aumento do volume de riachos e rios
acarretou alagamentos e correntezas,
com a destruição de ruas e construções. Casas foram atingidas pelo deslizamento de terra, soterrando, infelizmente, vítimas em Petrópolis, Belo
Horizonte e outros lugares. Eram
áreas de muito perigo, agravado pela
intensidade das chuvas.
Entre outras cidades, Mariana (MG)
foi surpreendida já na noite de 10/1,
sexta-feira, por tempestades, com
raios e trovões. Em poucos minutos,
formaram-se nas ruas enormes concentrações de água que, ao romper
muros e paredes, penetravam pelas
casas, inundando tudo e deixando toneladas de lama. A chuva continuou a
cair por vários dias, aumentando os
estragos e a desolação.
Entrou em ação o serviço público,
convocando todos os dependentes para auxiliar as famílias mais atingidas.
Era urgente retirar a lama das casas,
salvar alguns móveis e pertences e forçar o povo a afastar-se das áreas de
mais riscos. Quando, pouco a pouco, a
limpeza ia sendo realizada, eis que, na
madrugada de 16/1, chuvas ainda mais
intensas caíram sobre a cidade, alagando de novo as mesmas áreas e destruindo o que tinha restado. Os desabrigados foram levados para escolas e
lugares seguros, aguardando poder
voltar para suas casas. Muitos foram
acolhidos nos lares de amigos. Podemos imaginar o sofrimento do povo
que, na sua grande maioria, é pobre.
Perderam praticamente tudo: móveis,
roupas e alimentos. A correnteza de
lama reduziu a escombros centenas de
casas nas partes baixas da cidade. Era
desolador ver as pessoas tentando salvar algum documento e objetos de estimação.
Houve grande colaboração entre todos. Cada um ajudava no que podia.
Graças a Deus, ninguém perdeu a vida
por causa das enchentes em Mariana.
O alimento é garantido pelo município, que organiza refeições populares
e distribuição de cestas. O prejuízo
maior é o da destruição de casas.
Chegam à prefeitura roupas, alimentos, móveis e utensílios como
doação aos necessitados. O governo
do Estado tem se empenhado ao máximo. O programa de emergência
atende as questões de alojamento dos
desabrigados e recuperação inicial de
casas e ruas. Vai ser preciso um ingente esforço de vários meses para garantir outra moradia às famílias desalojadas.
No entanto, o maior desafio para a
prefeitura será reorganizar os serviços
básicos de desassoreamento dos córregos e riachos, assegurar o escoamento das águas e a consolidação das
encostas e barrancos e reconstruir
pontes.
É momento de muita provação para
milhares de famílias, que necessitam
de apoio para recomeçar a própria vida. Os municípios de Mariana, Caratinga, Ponte Nova e outros que passam pela mesma aflição só poderão
reparar os danos com auxílio de verbas especiais do Estado e da União. No
meio de tanta carência, percebemos,
no entanto, gestos de verdadeira solidariedade cristã. Muitos entre os mais
pobres vieram trazer a oferta de seu
trabalho, de alimentos e pequenas
doações para aliviar o sofrimento
alheio.
A força das águas causou muitos
prejuízos e tristeza, é verdade. Mas temos que agradecer a Deus a força
maior do amor e da generosidade do
nosso povo, que sabe repartir o pão e
ajudar os outros nas horas difíceis.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
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