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XENOFOBIA EUROPÉIA
Numa atitude que a oposição compara às deportações
de judeus pelos nazistas durante a
Segunda Guerra Mundial, o governo
de centro-direita da Holanda pretende expulsar do país cerca de 26 mil
estrangeiros que não tiveram seus
pedidos de asilo aceitos. A medida,
que já foi aprovada pela Câmara, precisa ainda passar pelo Senado.
A proposta, que contrasta com a
imagem de tolerância e liberalismo
dos holandeses, divide não apenas
os partidos políticos, mas a própria
sociedade. Pesquisas indicam que
60% dos holandeses são contrários à
medida, pelo menos nos termos draconianos em que ela foi formulada.
Exceto por 2.300 estrangeiros que
serão anistiados, todos os que chegaram à Holanda antes de 1º de abril
de 2001 e tiveram seus pedidos de asilo negados deverão ser repatriados
num prazo de três anos. São cerca de
26 mil pessoas, algumas das quais
criaram famílias em que se fala o holandês. Pela projeto de lei, os estrangeiros intimados a deixar o país que
não o fizerem voluntariamente poderão ser internados em centros de detenção e expulsos à força.
Xenofobia e leis de imigração mais
duras são um fenômeno não apenas
holandês, mas europeu. Partidos
chauvinistas de extrema direita têm
conseguido votações expressivas em
vários países do continente. Na Holanda, o fenômeno leva o nome de
Pim Fortuyn, o líder nacionalista antiimigração e antiislâmico que foi assassinado em 2002, pouco antes de
uma eleição legislativa. Seu partido, a
Lista Pim Fortuyn, se saiu bem e chegou a participar do governo de coalizão de direita. No pleito seguinte, a
agremiação sofreu uma veemente
derrota, mas suas teses acabaram integradas ao ideário da centro-direita
holandesa, que segue no poder.
Ao mesmo tempo em que a União
Européia se abre para o Leste, aceitando a entrada de dez novos países a
partir de maio, ela se fecha para a
imigração que vem do Sul, principalmente se os candidatos a residentes
rezarem voltados para Meca.
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