São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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XENOFOBIA EUROPÉIA

Numa atitude que a oposição compara às deportações de judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, o governo de centro-direita da Holanda pretende expulsar do país cerca de 26 mil estrangeiros que não tiveram seus pedidos de asilo aceitos. A medida, que já foi aprovada pela Câmara, precisa ainda passar pelo Senado.
A proposta, que contrasta com a imagem de tolerância e liberalismo dos holandeses, divide não apenas os partidos políticos, mas a própria sociedade. Pesquisas indicam que 60% dos holandeses são contrários à medida, pelo menos nos termos draconianos em que ela foi formulada.
Exceto por 2.300 estrangeiros que serão anistiados, todos os que chegaram à Holanda antes de 1º de abril de 2001 e tiveram seus pedidos de asilo negados deverão ser repatriados num prazo de três anos. São cerca de 26 mil pessoas, algumas das quais criaram famílias em que se fala o holandês. Pela projeto de lei, os estrangeiros intimados a deixar o país que não o fizerem voluntariamente poderão ser internados em centros de detenção e expulsos à força.
Xenofobia e leis de imigração mais duras são um fenômeno não apenas holandês, mas europeu. Partidos chauvinistas de extrema direita têm conseguido votações expressivas em vários países do continente. Na Holanda, o fenômeno leva o nome de Pim Fortuyn, o líder nacionalista antiimigração e antiislâmico que foi assassinado em 2002, pouco antes de uma eleição legislativa. Seu partido, a Lista Pim Fortuyn, se saiu bem e chegou a participar do governo de coalizão de direita. No pleito seguinte, a agremiação sofreu uma veemente derrota, mas suas teses acabaram integradas ao ideário da centro-direita holandesa, que segue no poder.
Ao mesmo tempo em que a União Européia se abre para o Leste, aceitando a entrada de dez novos países a partir de maio, ela se fecha para a imigração que vem do Sul, principalmente se os candidatos a residentes rezarem voltados para Meca.


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