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CLÓVIS ROSSI
Subintelectualidades
SÃO PAULO - Comentários que a
candidata Dilma Rousseff compartilhou com Marco Aurélio Garcia,
coordenador de seu programa de
governo, bem que poderiam servir
de epígrafe para o congresso com
que o PT comemora 30 anos.
Primeiro comentário: o suposto
ou real "retraimento do pensamento crítico". Se há alguma instituição
no Brasil que abandonou o pensamento crítico esta é, sem lugar a dúvidas, o PT desde que chegou ao
governo.
Antes, criticava tudo e todos, até
o que estava correto (vide Plano
Real). Agora, o PT é apenas a Tribo
dos Adoradores de Lula, em que
qualquer mínima dose de crítica,
mesmo as mais de acordo com os
fatos, são sufocadas.
Segundo comentário: a suposta
ou real ascensão de uma "subintelectualidade de direita". Subintelectualidades, de direita ou de esquerda, existiram sempre, no mundo todo. No Brasil, até desconfio
que os subintelectuais sejam mais
numerosos e estridentes do que os
verdadeiramente intelectuais.
Mas, se há de fato uma subintelectualidade em ascensão, ela é hoje
a da esquerda, incapaz de sair com
uma ideia, uma só que seja, dos escombros do Muro de Berlim. Que já
caiu faz 20 anos, é sempre bom lembrar. Ou, posto de outra forma, o PT
teve dois terços do seu tempo de vida, desde a queda do Muro, para
produzir alguma ideia. Produziu?
Não, segundo um de seus supostos
ou reais ideólogos, Tarso Genro, para quem o partido caiu no "vazio"
com a crise do mensalão.
Tão vazio que seu até agora presidente, Ricardo Berzoini, e seu sucessor, José Eduardo Dutra, tiveram a bárbara coragem de, em artigo para esta Folha, "celebrar" um
"partido democrático, popular e socialista". Democrático e popular
ainda dá para passar, com qualificações que o espaço impede de explicitar. Mas socialista só pode ser
exercício de "subintelectualidade".
Ou fraude conceitual.
crossi@uol.com.br
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