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São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2003

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É A GUERRA

Agora, apenas um milagre é capaz de impedir a guerra no Iraque. Todo conflito armado entre Estados tem algo de insensato em sua gênese, mas esse parece particularmente injustificável. As razões declaradas pelos Estados Unidos e seus aliados para atacar Bagdá são, antes de mais nada, falsas.
Saddam Hussein é por certo um ditador sanguinário, que merece o pior dos destinos, mas não é verdade que ele represente uma ameaça para o mundo nem existem provas a demonstrar seu vínculo com a rede terrorista Al Qaeda, responsável pelos atentados de 11 de setembro.
Em termos apenas militares, as forças iraquianas não devem oferecer grande resistência às tropas invasoras. Nenhum Exército atualmente pode competir com a formidável máquina de guerra norte-americana, e, segundo especialistas, as Forças Armadas de Saddam Hussein só se deterioraram desde 1991, quando saíram humilhantemente derrotadas de seu primeiro embate com os EUA.
Apesar de sua supremacia bélica, a Casa Branca parte para este conflito colecionando derrotas, antes mesmo de disparar o primeiro tiro. Por mais estrondoso que venha a ser o sucesso da campanha militar para depor Saddam Hussein, não há como deixar de considerar que, para deflagrar seu ataque, o presidente George W. Bush dividiu a ONU, a Otan (aliança militar ocidental), a União Européia e a opinião pública internacional. Numa visão menos indulgente, o presidente norte-americano simplesmente solapou o sistema de segurança internacional, a coalizão antiterror e a idéia de comunidade das nações.
George W. Bush lançará sua ofensiva amparado por não mais que meia dúzia de governos que, por conta de sua posição pró-guerra, começam a enfrentar problemas domésticos. Como se não bastasse, o conflito poderá trazer consequências bastante negativas para a já combalida economia mundial.
Diante do inevitável, só resta esperar que a guerra seja rápida e cause o menor número de baixas possível.


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