|
Próximo Texto | Índice
É A GUERRA
Agora, apenas um milagre é
capaz de impedir a guerra no
Iraque. Todo conflito armado entre
Estados tem algo de insensato em
sua gênese, mas esse parece particularmente injustificável. As razões declaradas pelos Estados Unidos e seus
aliados para atacar Bagdá são, antes
de mais nada, falsas.
Saddam Hussein é por certo um ditador sanguinário, que merece o pior
dos destinos, mas não é verdade que
ele represente uma ameaça para o
mundo nem existem provas a demonstrar seu vínculo com a rede terrorista Al Qaeda, responsável pelos
atentados de 11 de setembro.
Em termos apenas militares, as forças iraquianas não devem oferecer
grande resistência às tropas invasoras. Nenhum Exército atualmente
pode competir com a formidável máquina de guerra norte-americana, e,
segundo especialistas, as Forças Armadas de Saddam Hussein só se deterioraram desde 1991, quando saíram humilhantemente derrotadas de
seu primeiro embate com os EUA.
Apesar de sua supremacia bélica, a
Casa Branca parte para este conflito
colecionando derrotas, antes mesmo de disparar o primeiro tiro. Por
mais estrondoso que venha a ser o
sucesso da campanha militar para
depor Saddam Hussein, não há como deixar de considerar que, para
deflagrar seu ataque, o presidente
George W. Bush dividiu a ONU, a
Otan (aliança militar ocidental), a
União Européia e a opinião pública
internacional. Numa visão menos
indulgente, o presidente norte-americano simplesmente solapou o sistema de segurança internacional, a
coalizão antiterror e a idéia de comunidade das nações.
George W. Bush lançará sua ofensiva amparado por não mais que
meia dúzia de governos que, por
conta de sua posição pró-guerra, começam a enfrentar problemas domésticos. Como se não bastasse, o
conflito poderá trazer consequências
bastante negativas para a já combalida economia mundial.
Diante do inevitável, só resta esperar que a guerra seja rápida e cause o
menor número de baixas possível.
Próximo Texto: Editoriais: MAGISTRATURA AMEAÇADA Índice
|