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VÔO CEGO
As dificuldades acumuladas
no processo de fusão entre a
TAM e a Varig chegaram a um ponto
de inflexão, evidenciado pela ameaça
de puro e simples corte no fornecimento de combustível à empresa.
Propostas de fusão em geral são
apresentadas pelas empresas envolvidas, pois cabe a elas desenhar e oferecer as condições para que seja implementado um novo plano de negócios. Portanto, se a fusão entre TAM
e Varig até agora não decolou, isso se
deve acima de tudo a insuficiências
no planejamento econômico e financeiro das próprias empresas.
No entanto, como revela a presença tão ostensiva do ministro da Defesa, a aviação civil é um setor estratégico. As empresas não estão apenas
apresentando um plano de fusão a
ser examinado por autoridades reguladoras da economia ou da aviação
civil. Estão se candidatando a receber
do Estado recursos e facilidades para
que o projeto de fusão seja viável.
Como o prazo para que a operação
seja analisada pelas autoridades termina em junho, os gestores das empresas, em particular da Varig, podem estar usando o próprio peso do
projeto para negociar e obter mais
vantagens do Estado (a começar do
alargamento de prazos para pagamento do combustível consumido
pelos aviões da empresa).
A falta de transparência sobre o que
efetivamente se passa nos corredores
e gabinetes onde transcorrem as negociações é ainda mais preocupante
com a sucessão de presidentes demissionários na Varig.
O governo, que em última análise
tem nas mãos um poder financeiro
vital para a sobrevivência dessas empresas, não parece inclinado a fazer
dessa crise um caso exemplar de política industrial e reestruturação de
setor estratégico. Os impasses se sucedem e os traumas se acumulam.
Sem intervenção do governo federal nem acordo empresarial, o desfecho que parece próximo não inspira
otimismo. Todos os envolvidos estão em conflito pelo controle de um
setor que involui.
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