São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2005

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TERMINAR O FURA-FILA

Lançado como um factóide na campanha eleitoral do ex-prefeito Celso Pitta, o Fura-Fila já trouxe muitos prejuízos para São Paulo. Concebido como Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em via segregada, com apenas oito quilômetros, ele foi uma invenção de marketing e, como modo de transporte, não estava vinculado a nenhuma estratégia para equacionar de forma mais geral o problema de mobilidade na cidade.
Obra inacabada que se arrasta há três administrações, deixando esqueletos de concreto armado em estado de deterioração espalhados pelo vale do Tamanduateí, o Fura-Fila já consumiu cerca de R$ 320 milhões e ainda está longe de ser concluído. É uma expressão da falta de planejamento e do desperdício de recursos públicos que têm sangrado as finanças municipais.
Nesse quadro, é muito bem-vinda a proposta da administração Serra de utilizar as vias elevadas já construídas como parte de um corredor de ônibus até a Cidade Tiradentes, no total de 27 quilômetros, e de operá-lo através de veículos convencionais.
A opção apresentada, que prioriza o sistema estrutural de transporte coletivo, mostra a intenção do secretário de transportes Frederico Bussinger de dar continuidade à implantação de vias exclusivas -Passa Rápido-, um dos programas mais importantes de Marta Suplicy. É um sinal de maturidade administrativa, traço que tem sido raro na conturbada transição do poder municipal.
Embora a idéia original de ampliar o trajeto do Fura-Fila seja do governo passado, a obra não recebeu prioridade e quatro anos se passaram sem que fosse concluída. Espera-se agora que Serra leve até o fim o projeto, colocando um ponto final nesta triste manifestação de atraso político que representou a novela do Fura-Fila.

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