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CLÓVIS ROSSI
O Foro e as Farc
LIMA - Um trecho dos documentos que o governo da Colômbia deixou vazar para a mídia contendo informações armazenadas num computador das Farc avaliza argumento do PT, ou mais exatamente de
Marco Aurélio Garcia, assessor diplomático do presidente Lula. Garcia afirma que o partido deixou de
ter contatos com o grupo colombiano há muito tempo.
De fato, o material diz que o líder
histórico das Farc, Manuel Marulanda, o "Tirofijo", queixa-se dos
governos que chama de "social-democratas", entre eles o de Lula.
Bom deixar claro que, no vocabulário da extrema esquerda, "social-democrata" é palavrão.
Marulanda reclama de que esses
governos agora querem expulsar as
Farc do Foro de São Paulo, o conglomerado de grupos e partidos de
esquerda e extrema esquerda criado nos anos 90 por iniciativa principalmente do PT. A participação das
Farc nessa coalizão sempre foi utilizada pelos críticos do PT pela direita para tentar demonstrar que o
partido não passa de um bando de
comunistas que se vestem de cordeiros, mas são lobos.
Na semana que vem, o Foro volta
a se reunir. Será em Montevidéu,
capital de um país governado por
outro partido que o integra, a Frente Ampla, do arqui-moderado Tabaré Vázquez. Com um reforço: o
bispo, agora suspenso pelo Vaticano, Fernando Lugo, presidente eleito do Paraguai, tem na multifacetada coalizão que o elegeu um partido
("Pátria Livre"), igualmente do Foro.
Será, portanto, uma oportunidade de ouro para que esses presidentes, mais o PT, acertem as contas,
para o bem ou para o mal, com as
Farc. Se as consideram forças beligerantes, como o venezuelano Hugo Chávez acha que elas são, fica tudo como está. Se, ao contrário, as
vêem como terroristas, como diz o
colombiano Álvaro Uribe, que as
expulsem. Só não vale assobiar e
olhar para o lado.
crossi@uol.com.br
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