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CARLOS HEITOR CONY
A mídia derrotada
RIO DE JANEIRO - A pesquisa
mais recente, divulgada na última
semana, tem sido interpretada de
diversos modos e intenções. O crescimento da popularidade de Lula e
da aceitação de seu governo não
deixa de provocar um exame de
consciência nos profissionais da
mídia, alguns deles acreditando
que a imprensa, em geral, é o quarto poder.
Um poder que nada pode além de
fazer muita marola, que nem sempre chega a molhar os rochedos da
corrupção e da bagunça administrativa a que infelizmente estamos
habituados. Por meses -quase um
ano, não tenho certeza-, a mídia
escancarou as mazelas do governo
em diferentes setores, todos elas
revelando que, de alguma forma ou
de todas as formas, o presidente sabia dos esquemas em que seus auxiliares e amigos mais chegados chafurdavam.
E dele não partiu outra atitude se
não a de aceitar a carta de demissão
que os envolvidos lhe mandavam e
que tinham como resposta uma declaração de afeto e confiança. Um
deles, depois de tudo o que houve,
foi chamado de irmão.
Na realidade, Lula deitou e rolou
para as CPIs que foram instauradas
e em que foi acusado de cumplicidade com a corrupção. Na hora H,
seu nome foi poupado dos relatórios finais, mas não da cobertura
que a mídia lhe dedicou. E, se não
deu bola para CPIs, muito menos
bola deu para editoriais, articulistas, cronistas, colunistas e todos os
que ocuparam os vários veículos de
comunicação do país e do exterior.
Seria o caso, repito, de um exame
de consciência, de uma reavaliação
dos meios e da própria função do
tal quarto poder, poder que não
atinge o povo. A alegação de que o
povo não lê jornais nem revistas
não procede. O povão vê televisão,
ouve rádio. E continua acreditando
em Lula e abençoando-o com seu
voto.
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