São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Desperdício
"Os candidatos à Presidência da República estão, como sempre, fazendo propostas que não terão condições de cumprir. No governo atual, já foi acertado com o FMI como será o próximo. O FMI manda no Brasil, o governo americano manda no FMI e o grupo dos grandes empresários manda em George W. Bush. Acho um desperdício os milhões de reais gastos nestas campanhas eleitorais. A única maneira de os eleitores brasileiros demonstrarem que não somos tolos seria anular os seus votos. Nós vivemos numa ditadura plutocrática disfarçada de democracia."
José D'Agostino (Jaguariúna, SP)

Berlusconi x FHC
"O povo italiano saiu às ruas para protestar contra um projeto de lei, apresentado por correligionário do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que visa a criar condições para que o chefe de governo, após deixar o cargo, não possa vir a ser punido por atos de improbidade eventualmente praticados durante sua gestão. Entre nós, projeto de muito mais gravidade está tramitando celeremente no Congresso Nacional sem que tenha havido nenhuma perturbação da ordem por parte de nossa ordeira população. O projeto, que instaura o foro privilegiado em favor dos ex-presidentes da República, foi recebido com a mais absoluta passividade e compreensão dos cidadãos brasileiros. Deus está vendo!"
Homero Benedicto Ottoni Netto (Atibaia, SP)

Iraque
""Ou a ONU atua como organização independente encarregada de manter a paz (agindo contra o Iraque), ou perderá a sua razão de ser", advertiu Bush. Essa é uma das declarações mais cínicas de que se tem notícia em política internacional. Por que somente contra o Iraque? Israel não cumpre as resoluções do Conselho de Segurança, ocupa território de outro povo, com certeza possui as armas de destruição em massa cuja posse se condena no Iraque, humilha e submete a terríveis condições humanas todo um povo, mas não se ouve falar em ações semelhantes contra esse Estado. Será que a humanidade não enxerga isso?"
João Carlos Macluf (São Paulo, SP)

Cigarro
"O leitor Bob Sharp, em carta publicada na segunda-feira passada nesta seção, diz que a Folha foi decepcionante ao dedicar tanto espaço à exposição dos malefícios do fumo. A Folha tem, sim, o papel de informar o que faz bem e o que faz mal para a saúde. O fato de o leitor ter fumado por 44 anos não significa que jamais terá problemas de saúde no futuro. O cigarro mata devagar, não tem pressa. O sr. Sharp tem livre-arbítrio para decidir se deve ou não fumar. Só não tem o direito de fazer propaganda e apologia de um assunto tão controverso. Nós, pais, lutamos muito para que nossos filhos não sigam o exemplo dele e de sua família. Em relação à propaganda de bebidas alcoólicas, concordo plenamente com o sr. Sharp. Deveriam ser proibidas, principalmente na televisão."
Cibele Santini Bonichelli (São Carlos, SP)

Twain
"Gostaria de cumprimentar a Folha pelo ótimo artigo de Silvio Cioffi sobre Mark Twain ("Mark Twain aprisionou rio Mississippi em sua obra", Turismo, pág. F6, 16/9). Esse escritor, que é um marco na cultura norte-americana, é muito pouco conhecido do grande público brasileiro. Como estudiosa da vida e da obra de Walt Elias Disney por mais de 30 anos, gostaria de acrescentar a informação de que Mark Twain foi a primeira e a maior influência na vida e na obra de Disney. Sua filosofia -"vá atrás do seu sonho e não deixe ninguém desanimá-lo'- foi um marco na caminhada do gênio e talvez a sua maior fonte de inspiração. O desenho animado de Mickey Mouse "Steamboat Willie", o primeiro filme com som sincronizado do mundo, de 28/11/ 1928, é uma alusão e uma homenagem à navegação do rio Mississippi de Mark Twain. Tanto no Disneyworld como na Disneylândia, as marcas de Mark Twain estão fortemente registradas."
Ginha E. Nader (São Paulo, SP)

Vítimas
"Em 11/9/2001, 3.000 inocentes morreram nos bárbaros atentados terroristas de Nova York. Em 11/9/2002, a mídia inteira dedicou, com justa razão, grandes espaços à homenagem às vítimas e ao debate das causas e das consequências daqueles horríveis acontecimentos. Enormes recursos financeiros e materiais foram e estão sendo mobilizados para a "guerra contra o terror". Ao mesmo tempo, o Unicef revela que 3.000 crianças com menos de cinco anos de idade morrem diariamente (inclusive em 11/ 9/2001 e em 11/9/2002) no mundo (500 no Brasil), assassinadas pela fome e pela pobreza. Não foi publicada nenhuma linha sobre isso em nenhum jornal em 11/9. Se a mídia dedicasse às crianças vitimadas diariamente pelo descaso dos detentores do poder no mínimo o mesmo espaço que dedicou aos atentados de Nova York e se os mesmos recursos fossem mobilizados para salvar suas vidas, tenho certeza de que teríamos um mundo mais pacífico, mais civilizado e mais humano."
Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (São Paulo, SP)

Cães
"Merece aplausos e elogios a Assembléia Legislativa paulista por ter aprovado o projeto de lei que proíbe a comercialização, a importação e a reprodução dos cachorros de raça pit bull, rottweiler e mastim napolitano e que obriga à castração dos cães dessas raças. Trata-se de animais que estão intimamente ligados a frequentes histórias de terror, de sofrimento e de morte de pessoas, como temos visto nas páginas policiais dos nossos jornais. A extinção dessas raças se impõe em nome do bom senso e do amor ao próximo."
Amaro A. Almeida Neto (São Paulo, SP)

Sem autorização
"O prefeito de Belém (PA) mandou remover a escultura que executei para a cidade nos anos 80 e que estava instalada junto ao Ver-o-Peso. Não fui consultado nem informado a respeito em nenhum momento -antes, durante ou depois. Manda um princípio elementar de ética que, na hipótese de se justificar a remoção de uma obra, que se peça formalmente autorização ao autor e que se tomem as providências para a reinstalação em outro local previamente acertado -que respeite as características da obra, a sua integridade e a adequação ao espaço de destinação. Penso que seja isso o que gente séria faz. Em todo o caso, a escultura em questão foi concebida e projetada unicamente para o local onde foi instalada, estando, portanto, física e simbolicamente inserida num conjunto de relações espaciais significativas. Despida de suas conexões, ela se transforma em objeto decorativo e se descaracteriza. Isso é usurpação. Tudo isso é grave porque é um precedente de vandalismo cometido pelo próprio poder público de modo brutal e indiferenciado, além de ilegal."
Osmar Pinheiro, artista plástico (São Paulo, SP)



Texto Anterior: André Franco Montoro Filho: O Brasil pode crescer?
Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.