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PLÍNIO FRAGA
De xiitas a chaatos
RIO DE JANEIRO - Eles, que são
bancos, que se entendam, diria o
publicitário Carlito Maia (1924-2002) se tivesse assistindo agora a
Wall Street ruir. Carlito não viu
muita coisa, entre elas, Lula lá, como desejava no slogan que criou em
1988. O publicitário petista morreu
três meses antes de Lula ser eleito
presidente.
Mas Carlito deixou escritas profecias sobre o que viria. "A esquerda, quando começa a contar dinheiro, vira direita", escreveu sem nunca imaginar que o PT encarnaria a
própria, entendendo-se muito bem
com a banca financeira, alegre com
os juros escalafobéticos.
Nem só de política viveu Carlito
Maia, apesar de dela ter-se alimentado até o último instante. Ele
criou, por exemplo, um mote cultural que parece hoje incompreensível: "É uma brasa, mora", diziam os
meninos da Jovem Guarda.
Seu bordão "Brasil: fraude explica" continua válido, assim como
aqueles dedicados à cidade que o
adotou: "Amo São Paulo com todo
ódio" e "São Paulo separa os amigos
e junta os inimigos" -este que bem
pode ser aplicado atualmente a Serra, Alckmin e Kassab.
Apesar da ausência de Carlito
Maia, o PT ainda dá motivos para
rir, como no comunicado divulgado
nesta semana: "Para valorizar a tradição, estimular os autores e socializar a produção entre todo o partido, a Secretaria Nacional de Cultura do PT lançou o 1º Concurso Nacional de Músicas de Campanhas
Eleições 2008".
O partido ainda vive sob a ilusão
do tema da campanha de 1989,
"Sem Medo de Ser Feliz", com a letra falando de gente sincera e em
quem dava para confiar. Mas, com
uma direção partidária que escreve
"socializar a produção (de jingles)
entre todo o partido", fica a certeza
de que aquele PT de Carlito, dividido "entre xiitas e chaatos", acabou.
Estes últimos venceram.
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