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FERNANDO RODRIGUES
Impacto imprevisível
BRASíLIA - Se após o "Receitagate"
era fácil prever um impacto eleitoral de tamanho microscópico, agora no "Erenicegate" a análise não é
tão simples assim.
Sigilo fiscal violado poucos brasileiros sabem do que se trata. Uma
ministra e sua grande família acusados de traficar influência dentro
do governo formam uma imagem
mais fácil de ser desenhada na cabeça de qualquer um. A dúvida é:
existe uma parcela dos eleitores
disposta a relacionar a queda de
Erenice Guerra da Casa Civil à sua
antecessora na cadeira, a candidata petista Dilma Rousseff?
Ninguém tem resposta científica
para essa pergunta. O senso comum compele a considerar dados
objetivos disponíveis. A lógica das
pesquisas e a conjuntura indicam
haver uma probabilidade maior de
a disputa presidencial ser concluída no primeiro turno, em 3 de outubro, a favor Dilma Rousseff.
Além disso, todos lembram que o
cenário hoje é muito mais favorável
ao governo do que foi 2006.
Mas, nesta mesma época, há
quatro anos, Lula liderava no Datafolha com 50%, contra 29% de Geraldo Alckmin (PSDB) e 9% de Heloísa Helena (PSOL). São percentuais similares aos de Dilma (com
51%), do tucano José Serra (27%) e
da verde Marina Silva (11%).
Como se sabe, em 2006, o caso
dos "aloprados" eclodiu em 15 de
setembro (o "Erenicegate" surge
agora, neste mesmo período). Há
quatro anos, quando foram tabulados os votos, Lula teve 48,6% dos
votos. Faltou 1,4 ponto percentual
para ganhar no primeiro turno -a
vitória veio em seguida, com votação acachapante (60,8%).
Não há indicações de repetição
exata da história neste ano. O escândalo atual tem menos octanagem que aquela foto do dinheiro
dos aloprados. A economia está
bombando e Lula é o presidente de
maior popularidade da história do
país. Ainda assim, registradas todas as ressalvas, nunca é demais
lembrar: Dilma não é Lula.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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