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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Madre Teresa de Calcutá Convergem nestes dias para
Roma as atenções do mundo inteiro. Em 16/10, reuniu-se na praça de
São Pedro um imenso número de fiéis
para celebrar os 25 anos de pontificado do Papa João Paulo 2º. A manifestação de estima, afeto e gratidão se estende por todas as nações, comemorando o mais firme e corajoso defensor da paz e da reconciliação entre os
povos em nossos tempos.
O Santo Padre completou 83 anos e
está enfraquecido pela enfermidade,
mas seu olhar penetrante e bondoso
revela confiança em Deus, fidelidade à
sua missão e solicitude pelo bem da
humanidade.
Amanhã, 19/10, homens e mulheres
de todas as culturas elevam suas preces para agradecer a vida da Madre
Teresa de Calcutá. Ela será beatificada
pelo Papa João Paulo 2º apenas seis
anos após a sua morte. Sua existência
é uma lição de amor a Deus e ao próximo. Em meio às injustiças e à violências, Madre Teresa anunciou a alegria
evangélica de quem sabe amar e fazer
o bem.
Ao receber a notícia de sua morte,
em 5/9/97, o povo indiano, superando
diferenças religiosas, saiu às ruas, aclamando aquela que se tinha tornado a
"Mãe da Índia". As rádios repetiam
sem cessar as suas mensagens de
amor: "Se possuímos o amor pelos
outros, seremos felizes."
Tive a graça de conhecer pessoalmente Madre Teresa. Inesquecível o
seu sorriso. As mãos unidas em oração transmitiam a paz de Deus e o anseio de amar e de servir como Cristo
nos ensinou.
Sua história é fascinante. Nasceu em
26/8/1910, em Skopje, na família albanesa Bojaxhiu, e recebeu o nome de
Agnes. Seu pai morreu quando a filha
tinha apenas sete anos. A mãe, Drane,
mulher de fé e coragem, educou os
três filhos na confiança em Deus. A jovem Agnes descobriu sua vocação
missionária e decidiu dedicar-se aos
mais pobres da Índia. Aos 18 anos,
com o nome de Irmã Teresa, já se encontra em Darjeeling, a 600 km de
Calcutá, na comunidade das irmãs de
Loreto, onde leciona o catecismo no
colégio.
Eram anos difíceis para a Índia.
Anos de conflito e de luta pela independência. A fome causou a morte de
4 milhões de pessoas entre 1942 e 1943.
Diante da extrema pobreza do povo,
sente-se chamada a uma entrega ainda mais generosa. Consulta o diretor
espiritual e pede licença ao Santo Padre para viver como religiosa nos bairros de miséria, onde agonizam e morrem os que não podem chegar a um
hospital. Obtida a permissão, em 1948
veste-se com o sári do povo e inicia a
nova fase de sua vida consagrada. A
Madre Teresa unem-se várias jovens e
nascem as Missionárias da Caridade
(1954), que aumentam em número e
hoje atuam em 123 países. Vivem com
simplicidade no meio dos que nada
têm. Na oração intensa, encontram a
graça para cuidar dos doentes, dos
idosos, das crianças abandonadas.
Distribuem o pão, procurando semear respeito, amor e ternura entre os
mais pobres, revelando-lhes a sua dignidade à luz de Deus. Mais tarde, em
1963, surge a fundação dos Irmãos
Missionários da Caridade.
Madre Teresa recebeu em 1979 o
Prêmio Nobel da Paz. Merece muito
mais. Ela percorreu o mundo ensinando a lição de Jesus: o segredo da felicidade está em amar e fazer o bem.
Com emoção, o Papa João Paulo 2º,
que a conheceu de perto e muito a estimava, proclama amanhã a exímia
santidade de Madre Teresa de Calcutá,
mãe amorosa dos miseráveis.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna desde 14/4/1984. Este é o
seu milésimo texto publicado neste espaço.
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