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São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2003

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Madre Teresa de Calcutá

Convergem nestes dias para Roma as atenções do mundo inteiro. Em 16/10, reuniu-se na praça de São Pedro um imenso número de fiéis para celebrar os 25 anos de pontificado do Papa João Paulo 2º. A manifestação de estima, afeto e gratidão se estende por todas as nações, comemorando o mais firme e corajoso defensor da paz e da reconciliação entre os povos em nossos tempos.
O Santo Padre completou 83 anos e está enfraquecido pela enfermidade, mas seu olhar penetrante e bondoso revela confiança em Deus, fidelidade à sua missão e solicitude pelo bem da humanidade.
Amanhã, 19/10, homens e mulheres de todas as culturas elevam suas preces para agradecer a vida da Madre Teresa de Calcutá. Ela será beatificada pelo Papa João Paulo 2º apenas seis anos após a sua morte. Sua existência é uma lição de amor a Deus e ao próximo. Em meio às injustiças e à violências, Madre Teresa anunciou a alegria evangélica de quem sabe amar e fazer o bem.
Ao receber a notícia de sua morte, em 5/9/97, o povo indiano, superando diferenças religiosas, saiu às ruas, aclamando aquela que se tinha tornado a "Mãe da Índia". As rádios repetiam sem cessar as suas mensagens de amor: "Se possuímos o amor pelos outros, seremos felizes."
Tive a graça de conhecer pessoalmente Madre Teresa. Inesquecível o seu sorriso. As mãos unidas em oração transmitiam a paz de Deus e o anseio de amar e de servir como Cristo nos ensinou.
Sua história é fascinante. Nasceu em 26/8/1910, em Skopje, na família albanesa Bojaxhiu, e recebeu o nome de Agnes. Seu pai morreu quando a filha tinha apenas sete anos. A mãe, Drane, mulher de fé e coragem, educou os três filhos na confiança em Deus. A jovem Agnes descobriu sua vocação missionária e decidiu dedicar-se aos mais pobres da Índia. Aos 18 anos, com o nome de Irmã Teresa, já se encontra em Darjeeling, a 600 km de Calcutá, na comunidade das irmãs de Loreto, onde leciona o catecismo no colégio.
Eram anos difíceis para a Índia. Anos de conflito e de luta pela independência. A fome causou a morte de 4 milhões de pessoas entre 1942 e 1943.
Diante da extrema pobreza do povo, sente-se chamada a uma entrega ainda mais generosa. Consulta o diretor espiritual e pede licença ao Santo Padre para viver como religiosa nos bairros de miséria, onde agonizam e morrem os que não podem chegar a um hospital. Obtida a permissão, em 1948 veste-se com o sári do povo e inicia a nova fase de sua vida consagrada. A Madre Teresa unem-se várias jovens e nascem as Missionárias da Caridade (1954), que aumentam em número e hoje atuam em 123 países. Vivem com simplicidade no meio dos que nada têm. Na oração intensa, encontram a graça para cuidar dos doentes, dos idosos, das crianças abandonadas. Distribuem o pão, procurando semear respeito, amor e ternura entre os mais pobres, revelando-lhes a sua dignidade à luz de Deus. Mais tarde, em 1963, surge a fundação dos Irmãos Missionários da Caridade.
Madre Teresa recebeu em 1979 o Prêmio Nobel da Paz. Merece muito mais. Ela percorreu o mundo ensinando a lição de Jesus: o segredo da felicidade está em amar e fazer o bem.
Com emoção, o Papa João Paulo 2º, que a conheceu de perto e muito a estimava, proclama amanhã a exímia santidade de Madre Teresa de Calcutá, mãe amorosa dos miseráveis.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna desde 14/4/1984. Este é o seu milésimo texto publicado neste espaço.


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