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RISCOS DA GUERRA
A perspectiva , cada vez mais
presente, de que os EUA entrem em conflito armado com o Iraque já revela seu potencial perturbador sobre uma conjuntura econômica internacional delicada. A impressão de que a guerra se aproxima tem
levado a cotação do dólar a cair ante o
iene e o euro. Ontem, o dólar chegou
ao nível mais baixo, em relação ao
euro, desde janeiro de 2000.
As economias da Europa e do Japão
continuam próximas da estagnação,
enquanto a dos EUA exibe expansão
moderada. A Europa e Japão contam
com as exportações para os EUA como fator de dinamismo. Por isso as
autoridades econômicas dessas regiões desejam interromper a valorização de suas moedas, que encarece
seus produtos no mercado norte-americano. As autoridades japonesas já ameaçam intervir pesadamente
no mercado para sustentar o dólar.
Mas a iminência da guerra está limitando a eficácia dessas reações.
À primeira vista, chega a parecer estranho que a perspectiva de um conflito armado no Iraque enfraqueça o
dólar ante o euro e o iene. Isso porque a curto prazo o eventual conflito
tenderia a prejudicar claramente o
desempenho econômico da Europa
e Japão. Essas regiões dependem
muito de importações de petróleo,
que quase certamente se veriam encarecidas. Já a economia norte-americana, muito menos dependente do
petróleo importado, poderia até ser
estimulada pelo esforço militar.
A tendência dos investidores internacionais de se desfazer de dólares
parece ligada, portanto, não às tendências de curto prazo das principais
economias sob o impacto de eventual guerra no Iraque, mas sim à
perspectiva de agravamento dos desequilíbrios da economia dos EUA: o
déficit externo e o déficit publico.
A aceleração dos gastos militares
dos EUA, realizados em grande medida no exterior, tenderia a agravar
ambos os déficits. Isso seria fator de
enfraquecimento do dólar -tendência que o mercado parece antecipar.
O risco maior é de que a queda do
dólar se torne abrupta, pois isso criaria grave instabilidade nas finanças
globais. Menos mal se a queda recente do dólar servir de alerta ao governo Bush acerca dos riscos econômicos de suas inclinações belicistas.
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