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Estagnação
O EMPREGO na indústria
brasileira está estagnado.
Mais uma evidência disso
veio a público na quarta-feira,
com a divulgação dos resultados
relativos a outubro da Pesquisa
Industrial Mensal de Emprego e
Salário, do IBGE.
O nível de emprego na indústria, que tinha revelado alvissareiro avanço de 0,5% em setembro, recuou 0,2% em outubro
(descontando-se, nos dois casos,
as oscilações devidas a fatores
sazonais). Com isso, a média do
trimestre agosto-outubro acabou por se mostrar equivalente à
de julho-setembro, evidenciando que a tendência de moderada
alta da produção industrial não
se traduz em elevação concomitante do emprego no setor.
Esse resultado agregado decorre de trajetórias bastante heterogêneas entre os diversos segmentos que compõem a indústria. Os segmentos cuja produção mais tem crescido -a extração mineral, o açúcar e o álcool, a
informática- têm a característica de empregar relativamente
pouco. Já em vários dos segmentos que utilizam mão-de-obra de
modo bem mais intensivo -como os de vestuário, calçados e
máquinas agrícolas- a produção
ainda está em queda, o que se
traduz em contração, em certos
casos pronunciada, do contingente de assalariados.
A taxa básica de juros vem sendo reduzida já há 16 meses. No
entanto, o nível de emprego na
indústria ainda não retornou ao
pico atingido dois anos atrás. A
demanda interna, em particular
de consumo, já reagiu a esse lento relaxamento do garrote monetário -mas o estímulo à contratação de pessoal pela indústria se revela bastante fraco. Boa
parte desse estímulo está sendo
desviado para o exterior: as importações crescem com mais vigor do que a produção interna.
O nível do câmbio tem peso essencial nesse processo. Trata-se
de mais um elemento do desafio
para o qual as autoridades demoram a apresentar resposta: como
de fato acelerar o crescimento da
produção e do emprego.
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