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KENNETH MAXWELL
A visita de Lula
ESTA FOI A semana em que o
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva veio a Washington.
A visita havia sido marcada para
o dia 17 de março. Mas este é o Dia
de São Patrício, no qual os norte-americanos de ascendência irlandesa celebram suas raízes com
grandes paradas nas maiores cidades do país, um poderoso incentivo
para políticos que não desejam
alienar número tão elevado de possíveis eleitores. Por isso a visita de
Lula à Casa Branca foi transferida
para a manhã de sábado. Como
consequência, terminou em larga
medida ignorada por boa parte da
mídia noticiosa dos EUA.
Houve uma exceção: o jornal
"Washington Post" publicou um
grande artigo. Mas o texto se concentrava no caso de Sean Goldman,
o menino norte-americano que está no Brasil e cuja situação vem
causando grande agitação entre os
políticos dos Estados Unidos. Na
Câmara dos Deputados, 418 dos
432 legisladores votaram por seu
retorno, e a secretária de Estado
Hillary Clinton mencionou a questão em seu encontro com o ministro Celso Amorim.
O caso é uma disputa de guarda
que parece destinada a se tornar
mais um "caso Elián". Elián González era um menino cubano que se
viu envolvido em uma disputa de
guarda em Miami. Os governos dos
Estados Unidos e de Cuba terminaram por colaborar para repatriá-lo a Havana, apesar dos imensos
protestos dos norte-americanos de
ascendência cubana.
Em 2 de abril, acontece em Londres a conferência de cúpula do
Grupo dos 20 (G20), entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. O primeiro-ministro britânico Gordon Brown disse que a
conferência de cúpula de Londres
precisa lidar com as "raízes" da recessão econômica mundial e "reformular a regulamentação financeira em todo o mundo". Depois, de
17 a 19 de abril, em Trinidad e Tobago, acontece a 5ª Cúpula das
Américas. O Brasil terá posição
crucial em ambas as reuniões.
Depois de seu encontro com Barack Obama na Casa Branca, Lula
declarou que os Estados Unidos e o
Brasil coordenariam sua abordagem em Londres. Obama confirmou sua participação na cúpula de
Trinidad e Tobago, e indicou Jeffrey Davidow para coordenar os
preparativos da reunião na Casa
Branca.
Antigo embaixador norte-americano no México e na Venezuela,
Davidow era até recentemente
presidente do Instituto das Américas, em San Diego. Trata-se de um
diplomata habilidoso que ocasionalmente pode ser refrescantemente franco -bem mais do que
muitos mexicanos gostariam, durante sua passagem por lá como
embaixador. Mas ele precisará
exercitar toda a sua habilidade para tornar a Cúpula das Américas
relevante.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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