São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2001

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PAINEL DO LEITOR

Voto aberto
"Gostaria de deixar o meu protesto contra o "carnaval" que vem sendo feito em torno da possível violação do painel eletrônico do Senado. A toda hora ouvimos que somos os responsáveis pelos políticos que, infelizmente, aí estão. Mas como posso saber em quem votar se, em todas as votações importantes, eles se escondem atrás do voto secreto? O voto secreto foi instituído para nós, eleitores. Para os políticos, o voto tem de ser claro e aberto. E ainda por cima pagamos o painel, a sua manutenção e a perícia. Eta Brasil!" Maria Tereza Junqueira Arantes (Poços de Caldas, MG)

CPI do lixo
"Sou bancário aposentado e já votei três vezes em Lula para presidente. Tenho simpatia pelo PT e gosto do partido pela seriedade e pela coerência que tem demonstrado nestes 20 anos de existência. Mas a "pisada no tomate" que os representantes do PT estão dando em não aceitar a CPI do lixo é de arrepiar. Mesmo que o governo federal não queira a CPI da corrupção, o PT não pode colocar em dúvida a transparência de seus atos. Caso esse assunto não fique bem esclarecido para a população, o PT será muitíssimo prejudicado nas próximas eleições. Apesar de tudo, creio que o PT e o PSDB devam trabalhar para comandar a política nos próximos 50 anos. O que é melhor, o PT e o PSDB comandando o país ou o PFL de ACM, o PMDB de Jader ou o PPB de Maluf?" Ariovaldo Ferreira (Vinhedo, SP)

Educação
"Estudo jornalismo na Unesp de Bauru e concordo com todas as idéias contidas no artigo do sr. ministro Paulo Renato Souza ("Conquistas e desafios da educação", "Tendências/Debates", pág. A3, 15/ 4). Gostaria, porém, de expor a situação preocupante das universidades mantidas pelo governo do Estado de São Paulo, principalmente a da Unesp. Ingressei neste ano na universidade com a expectativa de encontrar um campus bem estruturado, mas o que vi não foi exatamente isso. Quanto ao corpo docente, não posso reclamar tanto, apesar de ter minhas ressalvas. O que critico é a péssima infra-estrutura. Não temos restaurante universitário nem moradia estudantil, o que faz com que muitos estudantes desistam dos cursos por falta de recursos. Essas reclamações não dizem respeito ao ministro da Educação, mas, sim, ao governador Geraldo Alckmin, que poderia preocupar-se mais com tal situação." Lucas Farinella Pretti (Bauru, SP)

Sudam
"Creio que a educação de segundo grau no Brasil seja uma das melhores do mundo, pois aprendi no colegial, há mais de 15 anos, que a Sudam e a Sudene faziam desvios de verbas, atrapalhando o desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste. Será que a minha professora de geografia sempre soube mais que a mídia e que os políticos de Brasília?" Ademar Bueno (São Paulo, SP)

Motos e demagogia
"Bem fez o governador Alckmin ao vetar a lei da criação das faixas exclusivas para motociclistas, pois a legislação de trânsito é de competência do Congresso Nacional, e a implantação de sinalização é atribuição das prefeituras, fato que é de conhecimento dos senhores deputados estaduais, que deveriam deixar de se ocupar e de se autopromover com projetos demagógicos." Jaques Mendel Rechter (São Paulo SP)

Pequenos mártires
Gostaria de parabenizar Luiz Eduardo Greenhalgh, autor do artigo "A Oziel e aos meninos do Brasil" ("Tendências/Debates", pág. A3, 17/4), por alertar sobre a impunidade em relação a crimes cometidos contra trabalhadores rurais. Que bom seria se todos os brasileiros reconhecessem a luta desses jovens mártires que perderam a própria vida em nome de um país mais justo." Thelma Flosi Gola (São Paulo, SP)

Revolução e homossexualismo
"Excelente o artigo "Uma visão da história de Cuba em "Antes do Anoitecer" (Turismo, pág. F7, 16/4), em que Fernando Gabeira expõe a terrível perseguição sofrida pelos homossexuais após a revolução, tendo como referência a história do escritor cubano Reinaldo Arenas. Apesar da importância incontestável da Revolução Cubana, ela foi cruel com os homossexuais. Existe essa grande dívida dos comunistas cubanos e da esquerda marxista-leninista mundial com os homossexuais. Para muitos comunistas, a homossexualidade continua sendo vista como um desvio de comportamento burguês." João Batista Pedrosa (São Paulo, SP)

Norte e Nordeste
"Gostaria de parabenizar a jornalista Marilene Felinto por seu artigo "A cara feia da elite do Norte/Nordeste" (Cotidiano, pág. C2, 17/4), em que disse tudo o que poderia ser dito. Realmente esses políticos demonstram acreditar que o dinheiro público, usado para engordar seus patrimônios, seja o que vale a pena. Incultos, esnobes, são o retrato dessa elitezinha de país de Terceiro Mundo, onde o universo moral e social se resume apenas a um status financeiro e a pequenos poderes localizados." Rita de Cássia Lustosa Messias Barrense (São Paulo, SP)

Língua
"Tendo sido citada no artigo "A intriga das línguas" (Mais!, pág. 22, 15/4), do deputado Aldo Rebelo, em que ele reproduz um pequeno trecho de minha tese de doutorado, gostaria de esclarecer que nunca me posicionei a favor da contenção de empréstimos através de leis, pois, como linguista, não posso defender que a língua seja regulada por leis, a não ser as de seu uso. Na página 338 de meu trabalho, afirmo que "a preocupação dos puristas não encontrou respaldo em minhas pesquisas. A maioria dos informantes não acredita que a língua portuguesa esteja ameaçada pela presença dos empréstimos, posicionando-se contra a idéia de se proibir o uso de palavras estrangeiras que tenham correspondentes em português". Gostaria que fosse reproduzido o trecho final da conclusão de meu trabalho, em que digo: "Acreditamos que não compete ao linguista sugerir ao governo medidas restritivas, pois o problema linguístico é apenas um reflexo da dependência econômica, política e cultural. Se as relações de dependência forem alteradas, certamente também haverá alterações no comportamento linguístico"." Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva, professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte, MG)

"A réplica feita pelo deputado Aldo Rebelo às críticas do linguista Carlos Alberto Faraco só não são mais lamentáveis do que o texto da lei de sua autoria. Ao tentar refutar os argumentos de seu "oponente", o deputado recorre a "fatos científicos" para provar que o pressentimento em que se constrói sua lei tem base científica -citando tese que "prova" que a língua pode servir como instrumento de dominação. Se Rebelo quer buscar em teses de linguística argumentos que sustentem sua lei, por que não citou as muitas teses da área de variação e mudança linguística? Certamente porque os argumentos aí encontrados mostram que uma lei como a proposta por ele serve apenas como mordaça, oficializando o preconceito linguístico e autorizando a censura." Gladis Massini-Cagliari, professora do Departamento de Linguística da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp (Araraquara, SP)


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