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CLÓVIS ROSSI
Desocupados
ROMA - A proposta de dar mandato vitalício aos ex-presidentes é indefensável. Não passa da mais absoluta
falta do que fazer de parte dos parlamentares, da oposição e do governo,
que se juntaram para cometer mais
um absurdo.
A proposta se destrói por si mesma
se alguém perguntar que ganho teve
a República com o fato de José Sarney, um dos ex-presidentes a ser beneficiado, ter voltado ao Senado depois de deixar a Presidência. O Parlamento ficou melhor do que era? Qual
o genial pensamento que o ex-presidente deixou registrado nos anais do
Senado? Qual a genial proposta que
lançou ao debate?
Aliás, nem precisa ser genial. Qualquer coisa mediana já basta.
Alguém aí acha que Fernando Collor de Mello, a maior enganação da
história republicana (e, possivelmente, também do período imperial e até
do colonial), tem alguma contribuição a dar ao debate e ao Parlamento?
Só se for contar como se fazem "operações Uruguai" ou o confisco de ativos financeiros ou outras pérolas do
seu formidável período.
É verdade que Collor talvez não seja beneficiado, porque vai-se utilizar
o casuísmo de que quem não terminou o mandato não ganha casa, comida e roupa lavada pelo resto dos
tempos. Ridículo. Digamos que um
sábio no futuro -se sábio conseguir
se eleger presidente em um país como
o Brasil- tenha de renunciar ao
mandato por problemas de saúde.
Deixa de ser sábio por isso?
O casuísmo se explica: mancomunaram-se oposição e governo para
dar um prêmio de consolação a ex-presidentes que talvez nem precisem
dele agora ou no futuro.
Como Collor não faz parte nem do
atual grupinho governante nem do
ex-grupinho governante, dançou.
Os parlamentares bem que poderiam tentar, ao menos tentar, resolver um só dos problemas nacionais.
Essa idéia estúpida é que não resolve
porcaria nenhuma.
@ - crossi@uol.com.br
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