São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2011

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Editoriais

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Arte na cidade

A decisão da Prefeitura de São Paulo de liberar as laterais ("empenas cegas") de edifícios paulistanos para grafiteiros e muralistas é boa saída para amenizar a desolação de certas vistas da cidade.
A Lei Cidade Limpa, de 2007, restringiu de maneira decisiva a publicidade nas ruas de São Paulo. O fim dos agressivos anúncios e letreiros teve como efeito colateral expor a insipidez de parcela significativa do panorama arquitetônico paulistano.
Com a liberação das empenas, criam-se espaços nobres para os protagonistas da arte urbana, que vem ganhando adeptos e admiradores ao redor do mundo.
Todos os trabalhos precisam ser analisados e autorizados por comissão da prefeitura, que promete não interferir no conteúdo. Só obras "pesadas" seriam vetadas (o que quer que isso queira dizer).
O patrocínio previsto para viabilizar os painéis não é necessariamente um mal, uma vez que os artistas precisam de material e suporte para produzir as obras.
É importante, porém, que o limite ao tamanho (40 cm X 60 cm) da marca do patrocinador seja respeitado, caso contrário virá a desvirtuar o propósito da lei. A regra admite menção indireta ao patrocinador na própria obra, uma provisão questionável. Cria brecha para casuísmos.
A prefeitura já vem aceitando outras exceções na Lei Cidade Limpa, como permitir a projeção de anúncios, por algumas horas, em edifícios. Concessões que flexibilizem a lei, porém, demandam análise e debate público.
Se as exceções se multiplicarem, surge o risco de comprometer o sentido mais geral da Lei Cidade Limpa: um esforço para baixar o nível de poluição visual da paisagem caótica de São Paulo.


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