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São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2010

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Editoriais

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"Perversão" na igreja

As mais recentes declarações do papa Bento 16 sobre os casos de pedofilia na Igreja Católica são uma bem-vinda demonstração de que a instituição decidiu definitivamente deixar o papel de vítima e enfrentar o problema.
Na semana que passou, a igreja da Bélgica, como já fizera a da Irlanda, viu-se forçada a pedir perdão às vítimas de décadas de abusos. O país teve 475 denúncias de molestação de menores por sacerdotes nos últimos 50 anos, e estima-se que ao menos 13 suicídios estejam ligados à prática.
Desde março, a Igreja Católica vem sendo sacudida por uma onda de denúncias de episódios de pedofilia, principalmente em países europeus, mas também em outros lugares, como os EUA e o próprio Brasil. Mais do que os casos de abuso, que, por numerosos que sejam, podem ainda ser atribuídos a desvios individuais dos religiosos, a Santa Sé foi abalada pela revelação de que altas autoridades eclesiásticas agiram com lentidão ou foram omissas na punição aos infratores.
No início, o Vaticano chegou a falar em campanha orquestrada da imprensa contra o papa. O próprio Bento 16 disse que não se deixaria intimidar por "fofocas".
A mudança de comportamento, iniciada em abril, quando o papa declarou ser a igreja uma "pecadora ferida" que precisa cumprir penitência, se solidifica agora com o mais recente mea-culpa do pontífice. No avião que o levava ao Reino Unido para visita de Estado, ele expressou "tristeza porque as autoridades da igreja não foram suficientemente vigilantes nem rápidas e decisivas para tomar as medidas necessárias".
A admissão das falhas soma-se à mudança, em julho, das normas do Vaticano, facilitando a expulsão de padres suspeitos de abusar de menores. O reconhecimento da existência de um problema grave no seio da igreja e a disposição de combatê-lo duramente são bons passos para evitar que continue ocorrendo a "perversão" denunciada pelo papa.


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