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ELIANE CANTANHÊDE
Enigma
BRASÍLIA - Com a eleição caminhando para um desfecho já no primeiro turno, Dilma Rousseff precisa explicitar o que pretende fazer no seu governo e se irá ou não implementar o tal "projeto político"
do PT alardeado por José Dirceu.
A campanha de Dilma entregou
ao TSE um programa "hard" pela
manhã, se arrependeu e trocou por
um programa "light" à tarde. Seria
um dos dois o projeto a que Dirceu
se refere? Não se sabe, como não se
sabe quais são as reais intenções de
Dilma e até onde ela irá com a ame-aça de "controle social" da mídia.
Numa livre tradução, Dirceu disse que agora, sim, o PT vai mandar,
fazer e acontecer. Deixou claro que
Lula e sua imensa popularidade foram só um meio para chegar a um
fim, como se esses oito anos fossem
um aquecimento para a implantação do projeto real. Ok. Mas qual é
ele? Por que ninguém pode falar? E
por que nós não podemos saber?
Caso Dilma seja eleita, terá os
ventos a favor na economia, o Congresso às suas ordens e poderá usar
e abusar de seus poderes, baixando
o centralismo democrático para (ou
contra) a imprensa, a área militar e
os costumes. Bem faria se deixasse
bem claro quais são os seus planos.
Também não está claro como tratará a questão ética. Ou será que está? Sob Lula, houve quatro escândalos no coração do poder: depois
de Waldomiro achacando bicheiro,
o primeiro ministro foi parar no STF
como "chefe de quadrilha", a segunda patrocinou dossiê contra ex-presidente e a terceira montou um
time caseiro de craques em cobrar
"taxa de êxito" de empresários.
O passado condena, sem haver
compromissos para o futuro. Qual
será o padrão ético do novo governo? O que o PT na oposição pregou
contra Collor ou o que o PT no poder praticou com suas Erenices?
Após a eleição, bandeiras e programas vão para o lixo. A melhor
pista do que vai sobrar é a de Dirceu: vem aí o "projeto político" do
PT, seja lá o que isso signifique. Depois ninguém entende por que boa
fatia do eleitorado está tão tiririca.
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