São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

CNBB (1952- 2002)

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil foi fundada em 14 de outubro de 1952, no Rio de Janeiro. Teve como primeiro presidente o cardeal dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota e como secretário-geral dom Hélder Pessoa Câmara, que, incansavelmente, se empenhou com o apoio do monsenhor Giovanni Batista Montini, futuro Papa Paulo 6º, para promover a unidade e a colaboração entre os bispos e a aprovação da CNBB.
Cinquenta anos depois, na mesma data (14/10), reuniu-se a CNBB para celebrar na Catedral de Brasília o hino de louvor a Deus pelo seu jubileu áureo. Compareceram os senhores presidente e vice-presidente da República e várias autoridades. Já em abril desse ano, durante a Assembléia Geral, os membros da CNBB foram em peregrinação agradecer a Deus, no santuário de Nossa Senhora Aparecida, os inúmeros benefícios recebidos ao longo de sua história.
Lembramos as palavras do Papa João Paulo 2º ao saudar, em Fortaleza, em 1980, o episcopado brasileiro: "Queridos irmãos, formais hoje o corpo episcopal mais numeroso do mundo. Tendes uma responsabilidade perante a Igreja inteira que vai além das próprias fronteiras. Não posso esquecer o caráter pioneiro desta Conferência". E acrescentava: "A melhor pregação, o serviço mais frutuoso que podem prestar será a demonstração veraz e visível da comunhão entre seus membros".
De fato, podemos hoje constatar que a força e a credibilidade da CNBB estão na fidelidade ao Evangelho, na profunda comunhão entre os bispos e com o sucessor de Pedro e na solicitude pelo povo. Os cinco decênios da atuação da CNBB são uma história de amor à Igreja e ao povo e revelam características que merecem particular atenção:
a) a busca de formas concretas de união entre os bispos, como a pastoral de conjunto e na inserção da Igreja na caminhada do povo brasileiro. O período difícil dos anos 64 e seguintes manifestou a seriedade e a coragem da missão profética e do compromisso da CNBB na defesa da vida, da dignidade e da liberdade dos filhos e das filhas de Deus;
b) o trabalho de evangelização renovando a catequese, a liturgia, a formação e a participação do clero, da vida consagrada, dos leigos e leigas, das comunidades eclesiais de base e dos movimentos em sintonia com as orientações do Concílio Vaticano 2º e das Conferências Episcopais Latino-Americanas;
c) o crescimento da consciência missionária e da ajuda intereclesial;
d) o empenho sincero no diálogo ecumênico e inter-religioso;
e) o desenvolvimento da Pastoral Social, a iniciativa anual da Campanha da Fraternidade e as muitas realizações em união com outras igrejas e instituições no processo da democratização, na promoção da vida e da justiça, na defesa dos direitos humanos, especialmente entre as populações indígenas, no apoio às justas iniciativas populares, convergindo, neste ano jubilar, para o "Mutirão Nacional em Superação da Miséria e da Fome".
Ante os desafios do momento atual, a CNBB há de renovar sempre mais a confiança em Deus e a fidelidade ao pastoreio recebido de Jesus Cristo, na íntima cooperação entre as várias vocações e carismas na Igreja.
É o momento de elevar a Deus a gratidão pelos bispos, assessores, membros das comunidades que muitas vezes permanecem no escondimento, mas cujas vidas de virtude e dedicação ajudaram a suprir as falhas humanas e atraíram as bênçãos de Deus e a proteção materna de Maria sobre os cinquenta anos de serviço eclesial da CNBB.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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