São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 2001

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A POSSE DE BUSH

George Walker Bush torna-se hoje o 43º presidente dos Estados Unidos. Ele não toma posse nas mesmas condições que seus antecessores. Conturbado processo eleitoral fez com que ele seja o primeiro presidente, em tempos modernos, a assumir o posto com sua legitimidade contestada.
Apesar de Bush ter sido declarado vencedor, ele perdeu no voto popular e há sérias dúvidas sobre qual candidato de fato obteve a maioria dos votos na Flórida. Até na Suprema Corte, que acabou definindo o pleito, Bush venceu por uma margem estreita: cinco a quatro.
Não resta dúvida de que a sociedade norte-americana está dividida praticamente meio a meio. É mais ou menos essa a proporção da representação republicana e democrata nas duas câmaras do país, com ligeira vantagem para os primeiros. Isso significa que Bush não dispõe de maioria confortável no Congresso.
Na frente econômica, que afinal ganha enorme peso na definição da popularidade de um presidente, as perspectivas são incertas. A maior economia do planeta está desacelerando. Cabe a suas autoridades mais graduadas, Bush entre elas, zelar para que, pelo menos, o faça de forma suave, sem maiores sobressaltos.
O novo presidente dos EUA também carrega um estigma incômodo. Formadores de opinião, principalmente os liberais, colocam em dúvida seu preparo para exercer a Presidência. Aqui talvez haja algum ressentimento. É verdade que Bush está longe de ser o homem mais brilhante a ocupar a Casa Branca, mas é certo que ele soube, durante a campanha e a crise eleitoral, cercar-se das pessoas certas. De outra forma, não teria conquistado a Presidência em condições tão adversas.
Outros mandatários, também tidos como despreparados, são hoje reconhecidos como grandes presidentes. Exemplo eloquente e relativamente recente é o de Ronald Reagan.
Ninguém governa um país como os Estados Unidos sozinho. Num certo sentido, é o cargo -e as oportunidades históricas que fatalmente o acompanham- que acaba por fazer o homem.



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