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PLÍNIO FRAGA
Chávez abraça Chaves
RIO DE JANEIRO - Nas ruas do
Rio, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, foi mais acessível, mais
cortejado e mais aplaudido do que o
presidente Lula. Dos participantes
da cúpula do Mercosul, Chávez foi o
que mais falou, o que mais participou de compromissos externos, o
que mais provocou.
Evo Morales definiu Chávez como o substituto de Fidel. O próprio
venezuelano gosta de acreditar nesse seu "papel histórico". Os latino-americanos têm maior propensão a
aceitar ditadores?
Os detalhes mostram muito sobre uma personalidade. Chávez
atrasou-se, não cumpriu ou modificou de última hora grande parte de
seus compromissos no Rio. Adiou
de quinta para ontem o recebimento da medalha que lhe concedeu a
Assembléia Legislativa do Rio de
Janeiro. Deixou a escola de samba
Unidos de Vila Isabel esperando
por sete horas num oba oba programado para que a campeã do Carnaval carioca agradecesse os R$ 3 milhões que a PDVSA investiu em seu
desfile.
Associar Chávez à loucura é piada
corrente, mas o venezuelano tem
pouco de louco e de bobo. É fanfarrão, histriônico, malpreparado. Ou
seja, reúne todas as condições necessárias para brilhar no subdesenvolvimentismo.
Novidade é que Chávez não é. Seu
desapreço pela liberdade e pelo dissenso está inteiro na caricatura de
ditador latino expressa em "Bananas", de Woody Allen. No filme de
71, o líder da republiqueta acusa a
oposição de traição e justifica: "Diferenças de opinião devem ser toleradas, mas não quando elas são tão
diferentes. Porque aí elas se tornam
a mãe da subversão". Não deve ser à
toa que os produtos de exportação
de maior sucesso da América Latina recentemente sejam Chávez e
"Chaves", este o seriado mexicano
em que um ser limítrofe se vangloria da própria astúcia.
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