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ÔNIBUS EM SÃO PAULO
A solução para o problema
dos ônibus em São Paulo talvez
demore. O Tribunal de Contas de
Município, após analisar os documentos enviados pela Prefeitura de
São Paulo sobre as supostas irregularidades na licitação das linhas, manteve a decisão, adotada em 31 de janeiro, de suspender o edital da concorrência. A prefeitura planejava implantar o sistema a partir de julho, o
que agora parece improvável.
O plano possibilitaria certa harmonia entre ônibus e lotações. As linhas
seriam divididas em locais (bairro-a-bairro) e estruturais (bairro-centro).
As primeiras caberiam a perueiros,
que cobrariam tarifas menores e levariam os passageiros até terminais;
as segundas, operadas por ônibus,
ligariam os terminais ao centro expandido. O passageiro poderia passar de uma linha a outra com o bilhete único. Em tese, o modelo reduziria
o tempo de espera nos pontos e elevaria a velocidade nos corredores.
Contudo, se as atuais viações conseguirem travar a concorrência, a administração parece não pretender arriscar a mudança em pleno ano eleitoral. É pena. Desde a posse da prefeita Marta Suplicy, em janeiro de
2001, a prometida reformulação do
sistema de transporte coletivo se limitou, até o momento, à recomposição das tarifas. Desde então, o preço
da passagem subiu de R$ 1,15 para
R$ 1,70 -um aumento de 47,8% em
dois anos, contra uma inflação acumulada de 20,33% no município de
São Paulo, segundo o IPC da Fipe.
Essa inércia tem dois efeitos perversos: de um lado, pune diretamente os mais pobres, que pagam caro
por um serviço de má qualidade; de
outro, congestiona o trânsito na metrópole, hoje saturada de carros.
A prefeitura assegura que não desistirá da intenção de mudar o transporte público, até porque todos concordam que o atual modelo, que vem
perdendo passageiros ano a ano, caminha para o colapso. Mas o histórico de concessões da administração
municipal aos empresários não permite acalentar grandes esperanças.
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