|
Próximo Texto | Índice
DÓLARES DO CURTO PRAZO
Informações preliminares indicam,
nos últimos dias, um aumento de reservas internacionais no Banco Central que, como informou o jornalista
Celso Pinto, em sua coluna de ontem
nesta Folha, pode ter sido expressivo, em face das compras de dólares
supostamente feitas pelo Banco do
Brasil em nome do próprio BC.
É um bom sinal, que aliás confirma
as críticas a idéias como a de dolarização ou de criação de um "currency
board" no Brasil, nos moldes do que
foi feito na Argentina, por exemplo.
Confirmado um cenário de recuperação de reservas, o BC poderá dar
continuidade a sua estratégia de promover uma descompressão gradual
no mercado de câmbio. É bom que a
queda do dólar seja promovida de
modo gradual: desse modo os exportadores e os investidores são estimulados a trazer o quanto antes seus recursos para o país, já que esperar pode significar fazer a troca dos seus
dólares, depois, por menos reais.
Ao mesmo tempo, é preciso ter claro os limites desse oportuno retorno
de dólares ao país, acompanhado
também por informações sobre a
disposição de bancos estrangeiros de
manter de linhas de crédito.
Há dois fatores básicos de atração:
juros excepcionalmente elevados e
ampla flexibilização das regras de
entrada de dólares, o que inclui uma
redução nos impostos sobre a repatriação de investimentos.
Quanto aos fundamentos da economia, ajuste fiscal e saldos no comércio exterior, o ajuste, lamentavelmente, mal começou e nada indica
que será fácil ou rápido.
O risco, portanto, é conhecido. Como aliás registrou o ex-presidente do
BC, Francisco Lopes, pouco antes de
deixar o cargo, o governo errou no
passado ao apoiar a política econômica no estímulo à entrada de recursos de curto prazo, voláteis. Quando
a credibilidade do país se esvaiu, esvaiu-se, também, o que parecia uma
confiável montanha de reservas.
"Operar" com juros e impostos para
atrair capitais não é novidade. É
oportuno que a tática funcione nessa
transição, mas de pouco adiantará
se, mais uma vez, ajustes fundamentais não passarem de promessas, aos
credores e ao FMI.
Próximo Texto: Editorial: CORRUPÇÃO E CORRUPTORES Índice
|