São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Cortes
"Cortar a garganta e/ou estrangular quem não tem pescoço ("FHC corta R$ 5,3 bi, atinge fundo contra pobreza e pede CPMF", Primeira Página, 15/5). É isso o que o governo federal irá fazer a um país que sempre teve um povo solidário com as transformações que buscam melhorias. Punir esse mesmo povo com cortes nos investimentos sociais é uma desconsideração com a dignidade humana. Quando criada, a CPMF -que, como o próprio nome diz, deveria ser "provisória'- tinha realmente um caráter "evolutivo", pois seria destinada à saúde. Por favor, senhores governantes! As farpas do poder estão acabando com a nação. É melhor lutarmos por um bem comum antes que seja tarde demais".
José Carlos Roberto (Presidente Prudente, SP)

"É revoltante, para nós, brasileiros, ainda nos depararmos com manchetes como a da Primeira Página de 15/5, que mostra que o governo federal tem a coragem de tomar decisões que, a meu ver, são uma afronta. É um absurdo cortar verbas do Fundo de Combate à Pobreza para compensar as perdas com a CPMF. Por que o nosso querido Fernando Henrique Cardoso não corta recursos do BNDES -que socorreu a Globo Cabo. Por que não corta recursos do "Fundo de Apoio aos Banqueiros", o Proer, famoso nos socorros aos grande bancos nacionais. É lamentável que os nossos governantes tenham essa mentalidade hipócrita. Continuo tendo vergonha de ser brasileiro."
Osmar Gabriel (Jales, SP)

Ameaça potencial
"Assim como o ministro Pedro Malan, prezo muito a clareza no discurso dos presidenciáveis. Sendo assim, gostaria muito que o candidato governista, José Serra, explicasse claramente o que exatamente ocorreu durante o governo FHC que deixou o Brasil tão suscetível a uma catástrofe econômica como a que ocorre hoje na Argentina. Gostaria também de saber, caso ele venha a ser eleito, o que fará para corrigir essa debilidade de forma que o exercício democrático do voto volte a ser apenas uma prática corriqueira de cidadania, e não uma potencial ameaça ao nosso país."
Renato Malcher (Nova Orleans, EUA)

Mandato
"Em relação à carta do senhor Saulo Ramos ("Mandato presidencial", "Painel do Leitor", pág. A3, 16/5), que escreveu em defesa do ex-presidente José Sarney, gostaria de lembrar que, realmente, apesar de o governo militar haver estabelecido um mandato presidencial de seis anos, com a redemocratização, a luta da sociedade era pelo restabelecimento do mandato de quatro anos, que manteria a prática democrática vigente anteriormente. O senhor Sarney, contrariando o desejo da maioria da população do país, obteve do Congresso o mandato de cinco anos para usufruir mais um ano de poder. Gostaria de lembrar uma antiga propaganda da Folha que dizia que "é possível dizer muitas mentiras falando somente a verdade". Esqueceram?"
Humberto Bagatini Júnior (São Paulo, SP)

Carrinho de aço
"Cumprimento a Folha pela reportagem "Catadora de papel critica peso de carrinho" (Ilustrada, pág. E1, 30/4). Esclareço que a observação feita pela catadora faz parte de uma etapa prevista no desenvolvimento do projeto. Ele teve, em uma de suas várias fases, a realização de testes de espaço útil do pré-protótipo. Na próxima etapa, deverá ser construído um protótipo com materiais especiais, que deixarão o carrinho mais leve e com melhor dirigibilidade."
João Garcia, assessoria de imprensa do IPT (São Paulo, SP)

Irmãos
"Revoltante a decisão judicial da Vara da Infância e da Juventude de Santos (SP) de separar crianças portadoras do HIV de seus próprios irmãos. A promotora alega que está priorizando a saúde da criança. Será que o Poder Judiciário, "treinado" para atuar sem emoção, não sabe o mal que pode causar a uma criança quando separada dos irmãos e daqueles que têm amor por ela? Para que já tem tão pouco, um pouco de amor pode fazer milagres."
Paulo Rogério B. Rocco (Tambaú, SP)

"Da maneira como está colocada, a notícia sobre a separação de irmãos em Santos traz grandes preocupações em relação à evolução (ou retrocesso) do reconhecimento dos direitos da criança. A Justiça de Santos parece se colocar acima do bem e do mal e de todos os avanços propiciados pelas ciências que estudam o comportamento humano. Parece até ir no sentido contrário ao das campanhas de combate ao preconceito do portador de HIV e ao do saber médico, que julga ser de risco mínimo o convívio entre essas crianças. Exigem-se, assim, explicações públicas dos responsáveis pelas medidas jurídicas tomadas naquela cidade."
Maria Dolores de Figueiredo Nunes, pedagoga, membro do Conselho Municipal de Direito da Criança e do Adolescente de São Carlos (São Carlos, SP)

Justiça
"As prisões do filho do presidente da Coréia do Sul -por ter aceitado propina- e dos empresários corruptores demonstram claramente que a Justiça brasileira está há anos-luz da Justiça do Primeiro Mundo. No Brasil, as leis favorecem os políticos, os corruptos e os corruptores, que obtêm vantagens milionárias para si e para as suas empresas. Tudo isso em detrimento do erário e da Justiça e aumentando a miséria de nosso povo."
Rafael Moia Filho (Bauru, SP)
Polícia Militar
"Em todas as eleições é assim. Fazem da Polícia Militar um instrumento de uso político, como é notório nos discursos dos candidatos ao governo do Estado de São Paulo. O que vemos agora é o atual governador fazer promessas e promessas, mas depois que a eleição passar... É preciso que a polícia seja um órgão autônomo -com os comandos sendo escolhidos pela sua corporação- para que não seja manipulada por políticos. Só assim seremos uma instituição respeitada pela sociedade, na qual poderemos nos aprimorar e prestar um melhor serviço à comunidade."
Maurício Gonçalves Rocha, policial militar (Franca, SP)

Hino
"O hino nacional, do qual muitos políticos consagrados desconhecem a letra, foi objeto de regulamentação em três decretos (um de 1922, outro de 42 e o terceiro de 71). Quem analisa a letra do hino (de difícil entendimento para a maioria da população brasileira), constata que, muitas vezes, o sentido original e autêntico do símbolo foi perdido. Nas diversas legislaturas da República, e mesmo nos governos militares, diversos projetos de mudança foram apresentados. Um deles foi feito sob a liderança do consagrado maestro Villa-Lobos. A verdade é que o hino é de difícil compreensão, foi escrito à moda antiga e contém expressões incomuns e desconhecidas da maioria dos brasileiros. Mas o hino sempre emociona e faz o coração bater com mais intensidade, constituindo a exteriorização que proclama e simboliza a nação brasileira. É preciso, portanto, mantê-lo, visando à preservação da memória nacional, pois um país não sobrevive sem ela."
Luiz Gonzaga Bertelli, presidente-executivo do Centro de Integração Empresa-Escola -Ciee-, diretor da Fiesp/Ciesp e da Associação Comercial de São Paulo (São Paulo, SP)



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