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FERNANDO RODRIGUES
Fim da primeira etapa
BRASÍLIA - Termina na semana que vem a primeira etapa do processo
eleitoral. Todos os partidos saberão
quem terá candidato a presidente. As
alianças estarão engatilhadas nos Estados. Em junho, vem a formalização
e o início do jogo para valer -embora ainda sem grande temperatura,
por causa da Copa do Mundo de futebol na Alemanha.
Com o primeiro tempo concluído,
começa a ficar mais claro o cenário
de outubro. Mas ainda é cedo para
conclusões peremptórias.
Tome-se o caso de Lula. Em novembro, o petista era dado como derrotado. Hoje, é favorito.
O que parece caminhar para uma
mudança irreversível é a natureza do
debate a ser instalado. Mesmo antes
do flagelo criminal em São Paulo, o
PT já tinha optado por três assuntos
principais: educação, economia e segurança. Dificilmente os outros partidos ficarão fora desse trinômio.
Será uma grande vitória para o
país se houver a consolidação desse
tipo de discussão entre os políticos.
Basta lembrar o que se falou nas quatro eleições diretas pós-ditadura militar. Em 1989, o Brasil ainda discutia
se comunistas comiam criancinhas.
Em 1994, os eleitores votaram para
acabar com a inflação. Em 1998, o
medo do caos reelegeu FHC (e o caos
veio assim mesmo). Em 2002, a tal
história da esperança, uma baboseira que só cola uma vez.
Agora, talvez pela primeira vez na
história recente, verdadeiros assuntos
relevantes podem tomar conta da
eleição. Uma coisa é o candidato prometer esquisitices como 10 milhões de
empregos ou três pratos de comida
por dia. Outra bem diferente é falar
sobre como propõe melhorar o sistema público de educação. Ou o que fazer para ter prisões nas quais os celulares não entrem. Parece incrível,
mas o processo tende a ser o de menor
baixo nível em décadas.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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