São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Segurança máxima
"Descobriram que se negociava (pelo celular, é claro) até míssil de dentro de uma penitenciária de "segurança máxima". Se eu fosse carcereiro, guarda, diretor, juiz, secretário da Segurança, prefeito, governador ou presidente da República, morreria de vergonha. Mas, como sou do povo, sigo morrendo de medo. Com certeza, esse estado de coisas deve interessar a "alguém" -e muito. Precisamos saber quem é mais bandido."
Luiz Antonio Fracarolli (Lençóis Paulista, SP)

"Fernandinho Beira-Mar, mesmo "preso", brinca de Deus -"nós vamos matar a família dele até o fim do mês'-, comanda o tráfico de drogas por celular, tem mais linhas telefônicas em seu poder do que a Telemar e, daqui a pouco, o seu arsenal será maior do que o do Exército brasileiro. Compram-se armas e mísseis no sistema "delivery" como se compra comida. Tudo isso é reflexo de um país amedrontado, de uma Justiça que não funciona e de um sistema penitenciário ineficaz. Pergunto aos meus amigos leitores: "Quem vive melhor? Beira-Mar e sua gangue, que estão na cadeia, ou nós, pobres cidadãos, que vivemos aprisionados em nossas casas?"
Alvaro Cunha (São Paulo, SP)

Índios e garimpo
"Gostaria de esclarecer a nota ""Garimpo oficial", publicada na seção "Painel" (Brasil, pág. A4, 16/6). A nova presidência da Funai não mandou "dar um tempo" em nenhuma reportagem da revista "Brasil Indígena". Apenas a título de maiores esclarecimentos para seus leitores, substituímos um parágrafo da reportagem "Garimpo clandestino de diamante ameaça etnia cinta-larga" por um "boxe" em que opinam dois indígenas: um xerente, engenheiro florestal e representante dos povos indígenas no Conama, e Marcos Terena, coordenador de Defesa dos Direitos Indígenas da Funai. Em anexo, envio cópia do original da reportagem "Garimpo...", que servirá para que o responsável pela coluna "Painel" se certifique de que a direção do órgão indigenista oficial do governo brasileiro não fez nenhuma censura a nenhuma reportagem a ser veiculada na edição nš 9 da revista "Brasil Indígena", ainda em processo de editoração gráfica."
Antônio Régis de Morais e Sousa, coordenação geral de Assuntos Externos -CGAE/Funai (Brasília, DF)

Copa do Mundo e demissão
"A atitude do dirigente italiano do Perugia, que demitiu o jogador coreano Ahn Jung-hwan, atleta daquele clube, por ele ter marcado o gol da sua seleção contra a Itália, não surpreende. De um país que pratica um futebol tão covarde, atitudes igualmente covardes são compreensíveis."
Paulo Roberto Volpato (Bauru, SP)

"Muita gente já ocupou este espaço para criticar o interesse que o povo (o mundo) tem pelo futebol. Esquecem-se de que o esporte é uma espécie de sublimação da guerra, ou seja, em vez de guerra de verdade, travam-se batalhas em campos e em quadras. Tudo fica no campo da emoção, que é tão importante quanto o pão. O mundo seria muito mais violento se não fosse essa catarse guerreira inerente ao homem."
Jaime Pereira da Silva (São Paulo, SP)

Megaoperação
"Na reportagem "Marta monta megaoperação para mostrar SP e ajudar Lula" (Brasil, pág. A4, 16/6), o jornalista despreza o fato de que as realizações municipais seguem o programa de governo aprovado pelos eleitores, que incluía, por exemplo, a implantação de programas de desenvolvimento social de combate à situação de miséria. A meta inicial do governo previa o atendimento de 309 mil famílias até 2004. Em apenas um ano e meio de governo, os programas já atingiram 300 mil famílias -ou 1,2 milhão de pessoas no município. O recapeamento de ruas cumpre um cronograma de obras conforme a demanda, que, como é sabido, depende de um processo de licitação. Essa não é a primeira vez que o jornal tenta associar as iniciativas do governo municipal ao calendário eleitoral. No dia 9 passado, o "Painel" publicou três notas em que vinculava as realizações da atual administração na área da educação às eleições. As notas foram contestadas em carta nesta seção. O governo, sob pena de ser acusado de prevaricação, tem a responsabilidade de atender às necessidades dos paulistanos que dependem de uma pronta intervenção da prefeitura nesse período pré-eleitoral."
José Américo Dias, secretário municipal de Comunicação e Informação Social (São Paulo, SP)

Ciência e letras
"O artigo "O mito da ciência e a realidade da FFLCH", publicado ontem na seção "Tendências/Debates", explicita claramente o tipo de debate que está sendo feito na Universidade de São Paulo. De um lado, o utilitarismo das conquistas técnico-científicas, liderado pelas ciências exatas e biológicas e com uma rápida tradução em valores monetários. De outro, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, encabeçada não só pela FFLCH mas por todas as ciências humanas da USP. Humanidades que são muito menos traduzíveis do ponto de vista econômico, contudo essenciais na construção do desenvolvimento social. Parece que uma universidade não pode deixar de garantir recurso a todas as ciências. A priorização é, sem dúvida, política e revelada tanto pelo artigo dos chefes de departamento como de forma brilhante pelo magnífico reitor. Parabéns à Folha por estimular a forma pública e democrática do debate sobre as escolhas e os problemas de nossa universidade, tornando-a muito mais transparente e próxima da sociedade."
Luiz Fernando Villares e Silva, mestrando em ciência ambiental pelo Procam-USP e bacharel em direito pela USP (São Paulo, SP)

"Venho prestar esclarecimentos acerca da reportagem "Funcionários da USP encerram greve" (Cotidiano, pág. C8, 19/6). As declarações do diretor do Sintusp, Magno de Carvalho, estão equivocadas no que se refere ao "setor que administra os três restaurantes" como sendo o único em que teria havido exigência de reposição dos dias parados por igual período de tempo de paralisação. A reposição será feita de acordo com orientação da reitoria -"(...) não haverá desconto de dias parados (22 de maio e 10 a 17 de junho de 2002) e nenhum desses dias será considerado como falta para fim nenhum desde que se retomem as atividades normais e que o período em que houve ausência ao trabalho venha a ser substituído por igual período de tempo em que haverá presença ao trabalho, segundo procedimentos a serem determinados pela direção de cada órgão onde houve paralisação, ouvidos os seus respectivos funcionários" (USP Urgente, nš 72, de 17/6/2002). A Coordenadoria de Assistência Social (Coseas), unidade responsável pela administração dos restaurantes universitários, está seguindo na íntegra a orientação da reitoria, até mesmo programando com seus funcionários as atividades de reposição, que serão predominantemente de cunho educativo e cultural, visando à melhoria da qualidade de vida do trabalhador."
Rosa Maria Godoy Serpa da Fonseca, professora-doutora, coordenadora da Coseas (São Paulo, SP)



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