São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 2011

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RICARDO YOUNG

Relatórios integrados

Avançam no mundo todo discussões para que as empresas adotem um único relatório, integrando as dimensões socioambientais às financeiras. São muitos os desafios, mas não o suficiente para deter esse movimento.
O primeiro grande desafio é a aceitação de padrão global pelas empresas, pelos governos e pelos organismos multilaterais. Um bom ponto de partida tem sido o modelo da GRI (Global Report Initiative).
Embora esse modelo seja mais adequado a informações não financeiras, se constitui como a base para a integração por ter sido sucessivamente validado ao longo de uma década pelo mercado e por órgãos reguladores.
Outro desafio ainda é como explicar, com um novo repertório, a todas as partes interessadas, a relação entre o desempenho financeiro e a atuação nos planos ambiental, social e de governança.
Duas mil empresas no mundo esforçam-se para realizar essa integração. Embora reconheçam que ainda está longe do resultado ideal, há benefícios claramente reconhecidos.
O objetivo de integrar informações financeiras e não financeiras tem forçado diálogos entre setores que não costumam comunicar-se entre si.
A variedade e a tranversalidade das informação exigidas pelo relatório integrado provocam a queda dos "muros" que separam os vários setores numa organização.
Com isso, promove uma mudança de qualidade nas decisões das áreas, pois cada uma compreende a natureza de sua relação com as demais e no negócio como um todo.
Outro benefício é que fica mais fácil avaliar o impacto das empresas na sociedade.
Para investidores, fornecedores, comunidades e governos, o relatório integrado ajuda a compreender como a empresa lida com os riscos do negócio, algo que protege o valor e a reputação da companhia.
Mas há desafios a superar também internamente. Não são poucos os gestores que relutam em adotar a forma integrada com receio de que lucros -e bônus- diminuam.
Se é verdade que os relatórios socioambientais mostram as áreas mais vulneráveis das empresas, não é menos verdade que as companhias que se esforçam por relatórios integrados, demostram justamente o contrário.
Mudanças em um processo, originadas de demandas sociais, por exemplo, podem trazer benefícios imediatos que se traduzam em economia de recursos naturais e em menores riscos de reputação, portanto, menos despesas.
A adoção do relatório integrado traz a perspectiva das empresas também no longo prazo. Mas é bom ir se acostumando. O movimento pelo relatório integrado caminha em todos os países e será irreversível, pois proporciona a transparência que a sociedade gradativamente exige para as empresas operarem.

RICARDO YOUNG escreve às segundas-feiras nesta coluna.


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