São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

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CLÓVIS ROSSI

Haja estômago

MUNIQUE - Qualquer petista, até os hoje hidrófobos e debilóides, e qualquer pessoa cujo estômago preservasse um mínimo de sensibilidade diria que Renan Calheiros deveria ser cassado. Não, não me refiro à votação da semana passada.
Refiro-me ao Calheiros de sempre, aquele que foi partícipe relevante em uma aventura política (o lançamento da candidatura Fernando Collor e o apoio a ele como presidente) que é um exemplo cru de falta de decoro.
Calheiros, mais que qualquer outro, sabia perfeitamente bem quem era Collor. Logo, embarcar na aventura era endossar um jeito de fazer política cujo, digamos, operário-padrão se chamou PC Farias. Logo, é falta de decoro.
Depois, no entanto, que sua cúpula se tornou o que o procurador-geral da República chama de "organização criminosa", o petismo adere quase em massa à nova aventura de Calheiros.
Não é só Calheiros. Recupere, você que ainda consegue ter o estômago sensível, o que disseram Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu, Aloizio Mercadante e os demais líderes do PT sobre Calheiros, sobre José Sarney etc. e verá o transformismo mais violento jamais ocorrido neste país -um país, aliás, de transformistas políticos.
Nesse pântano, o caso Eduardo Azeredo/Walfrido dos Mares Guia acaba sendo todo um compêndio sobre a política brasileira. O lulo-petismo adoraria trucidar o tucanato usando Azeredo como gancho. Mas, se o fizer, corre o risco de atingir um ministro (ainda por cima da coordenação política) do próprio Lula, depois de ter sido ministro de Fernando Henrique Cardoso, aquele que deixou uma "herança maldita", mas não tão maldita que dela não se possam aproveitar um Walfrido, um Jobim, um Geddel etc. etc. etc.
E a oposição, se mirar Walfrido, atinge Azeredo -e o próprio governo FHC. Haja estômago, pois.


crossi@uol.com.br

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