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CLÓVIS ROSSI
Haja estômago
MUNIQUE - Qualquer petista, até
os hoje hidrófobos e debilóides, e
qualquer pessoa cujo estômago
preservasse um mínimo de sensibilidade diria que Renan Calheiros
deveria ser cassado. Não, não me
refiro à votação da semana passada.
Refiro-me ao Calheiros de sempre,
aquele que foi partícipe relevante
em uma aventura política (o lançamento da candidatura Fernando
Collor e o apoio a ele como presidente) que é um exemplo cru de falta de decoro.
Calheiros, mais que qualquer outro, sabia perfeitamente bem quem
era Collor. Logo, embarcar na aventura era endossar um jeito de fazer
política cujo, digamos, operário-padrão se chamou PC Farias. Logo, é
falta de decoro.
Depois, no entanto, que sua cúpula se tornou o que o procurador-geral da República chama de "organização criminosa", o petismo adere quase em massa à nova aventura
de Calheiros.
Não é só Calheiros. Recupere, você que ainda consegue ter o estômago sensível, o que disseram Luiz
Inácio Lula da Silva, José Dirceu,
Aloizio Mercadante e os demais líderes do PT sobre Calheiros, sobre
José Sarney etc. e verá o transformismo mais violento jamais ocorrido neste país -um país, aliás, de
transformistas políticos.
Nesse pântano, o caso Eduardo
Azeredo/Walfrido dos Mares Guia
acaba sendo todo um compêndio
sobre a política brasileira. O lulo-petismo adoraria trucidar o tucanato usando Azeredo como gancho.
Mas, se o fizer, corre o risco de atingir um ministro (ainda por cima da
coordenação política) do próprio
Lula, depois de ter sido ministro de
Fernando Henrique Cardoso, aquele que deixou uma "herança maldita", mas não tão maldita que dela
não se possam aproveitar um Walfrido, um Jobim, um Geddel etc.
etc. etc.
E a oposição, se mirar Walfrido,
atinge Azeredo -e o próprio governo FHC. Haja estômago, pois.
crossi@uol.com.br
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