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ELIANE CANTANHÊDE
Pouso e decolagem
BRASÍLIA - Amanhã termina uma
etapa e começa outra no programa
FX, agora FX-2, de renovação da
frota da FAB. A comissão técnica
encerra a coleta de informações sobre os pacotes de produtos e ofertas
de tecnologia, enquanto Lula, Jobim, Amorim e Marco Aurélio Garcia dão tratos à bola para dizer, sem
contestação, que o processo de seleção era para valer e foi seguido à risca.
Olhado só o produto, o mais sofisticado é o F-18 Super Hornet da
Boeing, porque não é à toa que os
EUA gastam algo como cem vezes
mais que a Suécia e dez vezes mais
que a própria França em tecnologia
militar. Mas, sob o ângulo do pacote, não só do avião, talvez o Gripen
NG, da Saab sueca, seja mais compatível com as necessidades brasileiras e traga mais compensações
para o futuro. E há, no meio dessas
considerações objetivas, a questão
subjetiva pró Rafale, da Dassault: a
aliança estratégica com a França.
Há suspeitas -que nenhum brigadeiro ou coronel seria capaz de
confirmar- de que a FAB prefere o
pacote sueco, porque seria o de menor consequência política (a Suécia
não é tão pesada, sob vários aspectos, como EUA e França) e o de
maior alcance para troca de tecnologia, formação de mão de obra brasileira e irradiação para a indústria
nacional. Além do preço.
Para um país com tantas demandas, é óbvio que o preço mais barato
do Gripen NG -e isso não é cascata
dos suecos- conta muito. Mas há
ainda uma questão que envolve diretamente a Aeronáutica, com seus
orçamentos apertados e contingenciamentos: o custo anual da operação, durante 30 a 40 anos. Como só
tem um motor, o Gripen custa menos na venda e na operação.
Mas a FAB pode achar uma coisa,
e o governo civil já ter decidido outra há mais de um ano. A questão, a
partir de amanhã, é produzir a simbiose entre essas duas coisas, até
que se transformem num único discurso, crível e convincente para
concorrentes e sociedade.
elianec@uol.com.br
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