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ÂNSIA POR JUROS
O dólar fechou ontem, pela
primeira vez desde o dia 20 de
setembro, cotado abaixo dos R$
3,50. O alívio cambial, iniciado já na
segunda-feira, caminhou de passo
com uma valorização dos ativos brasileiros no exterior. Com a indicação
e a sabatina do futuro presidente do
Banco Central e a consumação de
um choque nos juros, a semana parece caminhar para um desfecho favorável no que tange às expectativas
dos agentes financeiros.
Do IBGE, porém, provieram ontem notícias bem menos auspiciosas. A taxa de desemprego de novembro, retirados efeitos sazonais,
manteve a trajetória de ascensão verificada desde o 2º trimestre do ano e
atingiu a casa dos 8% da população
economicamente ativa. Em outubro
o rendimento médio dos trabalhadores registrou retração, tendência que
se mantém desde janeiro de 2001.
Esses últimos dados se associam a
outros como a queda do investimento em 2002, a progressiva contenção
do gasto público e a manutenção da
carga tributária em níveis recordes.
Segundo o IBGE, a inflação ao consumidor medida pelo IPCA-15 de dezembro (cobrindo o período de 12 de
novembro a 9 de dezembro) foi de
3,05%. Antes de embarcar na tese de
alguns poucos analistas de que há
um amplo surto de demanda neste
fim de ano, é preciso verificar em que
grau a alta recente de preços tem sido
alimentada, no que diz respeito a
seus meios internos de propagação,
por um movimento na elite dos detentores de poupança. Parte dos recursos que giravam os títulos públicos, num momento de incerteza política, foi provavelmente desviada para a aquisição de ativos reais.
Aumentar os juros pode até fazer
com que grandes poupadores voltem a aumentar sua carteira de títulos públicos, contribuindo para
"normalizar" a rolagem da dívida do
governo. Mas é uma medida que asfixia ainda mais o setor empresarial e
todos aqueles que dependem apenas
do emprego para sobreviver.
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