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São Paulo, terça-feira, 21 de janeiro de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Menininhos do Rio

BRASÍLIA - O Rio de Janeiro caiu nas garras de Rosinha, Garotinho e agora esse famoso Silveirinha. Mas parece que eles andam mexendo com coisa de gente grande.
Se alguém lucrou muito (no bom sentido) durante a campanha presidencial, foi Anthony Garotinho. Ex-prefeito de Campos, ex-governador do Rio e recém-chegado aos 40, ele não tinha expressão partidária nem uma história política densa ao ponto de sustentar a candidatura. Mas sustentou com o peso dos evangélicos e do Rio, um dos três principais Estados do país, apesar de tudo.
Não ganhou a eleição, como dificilmente ganharia, mas ficou em terceiro lugar, se tornou um nome nacional, fez da mulher governadora e, o que é o mais importante, posicionou-se como um dos potenciais opositores do governo Lula. É uma aposta. Se Lula for muito bem, ruim para Garotinho. Se entrar na vala comum de que todo governo apanha, bom para o ex-governador.
O tucano José Serra, segundo colocado, está sem mandato e sem alavanca, recolheu os beques e anda cego, surdo e mudo. O quarto, Ciro Gomes, aderiu ao governo, assumiu o Ministério da Integração Nacional e anulou, assim, seu potencial de oposição. Por ora, pelo menos. Sobrou Garotinho, que tem o governo do Rio.
Tudo ia bem, muito melhor do que a encomenda, como parece sempre ocorrer com o Garotinho. Até surgir essa chatice do Rodrigo Silveirinha, que foi subsecretário de Administração Tributária no governo dele, entre 1999 e abril de 2000, e ressurge agora flagrado com milhões de dólares na Suíça. Nem original foi.
Rosinha foi dura com a antecessora Benedita da Silva, Garotinho faz jogo de vai-não-vai com Lula. E agora vem Silveirinha botar lama, quer dizer, lenha na fogueira do casal.
Com "oposição" assim -de partido aliado, de boca para fora e explicando o inexplicável-, o governo Lula continua tendo que se apoiar na Heloísa Helena e na Luciana Genro para fingir que enfrenta alguma oposição. Repita-se: por ora, pelo menos.


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