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Pacote da habitação
Reversão no ciclo de crescimento do setor imobiliário requer, entre outras medidas, uma queda nas taxas de juros
ENTRE 2006 e 2008, período
de maior crescimento na
atividade econômica e no
emprego, o crédito imobiliário começou a deslanchar.
Atingiu R$ 58,4 bilhões em novembro de 2008, apresentando
taxa de crescimento de 37,7% em
relação ao mesmo mês do ano
anterior. O prazo médio das operações aumentou 644 dias (21,5
meses), alcançando 89 meses
(7,4 anos), no mesmo período.
A despeito desse dinamismo, o
crédito imobiliário continua
muito restrito, correspondendo
a apenas 4,8% do estoque total
de créditos e 2% do PIB.
Infelizmente, esse processo incipiente de expansão do setor
imobiliário mostra sinais de reversão. A desvalorização das empresas na Bovespa dificulta o
lançamento de novos empreendimentos. A aversão ao risco dos
bancos e das famílias, diante da
ameaça do desemprego, induz
uma contração do crédito.
Diante disso, o governo estuda
propostas para estimular o setor.
Entre as ideias em discussão,
destacam-se: fim do prazo mínimo de carência para o mutuário
utilizar os recursos depositados
no FGTS no abatimento de prestações; aumento dos atuais R$
350 mil para até R$ 600 mil, no
valor do imóvel que poderia ser
financiado com recursos do
FGTS; redução de tributos para o
segmento da construção civil.
Para famílias de baixa renda,
discute-se ampliar (de 50% para
80%) a parcela do lucro do FGTS
destinada a operações, a fundo
perdido, de construção de moradias populares; instituir um fundo garantidor que reduziria o risco atribuído pelos bancos a mutuários com renda mensal até R$
2.000; e implantar uma espécie
de seguro para cobrir temporariamente o pagamento das prestações em caso de demissões.
Discute-se, ainda, um sistema de
bônus para desestimular atrasos
de pagamentos (a cada 15 ou 18
prestações pagas, o mutuário ganharia uma).
Essas ações, embora pontuais,
decerto ajudariam a arrefecer o
desalento na construção civil. O
pacote, contudo, precisaria agregar outro gênero de medidas a
fim de ganhar em abrangência. É
crucial, por exemplo, favorecer
uma queda substantiva nas taxas
de juros desses financiamentos.
Pelas regras do Sistema Financeiro de Habitação, que canaliza
recursos da caderneta de poupança para a construção residencial, os juros pagos pelos mutuários giram em torno de 14% ao
ano. Nos EUA, por exemplo, uma
hipoteca de 30 anos cobra juros
anuais de 5,4%.
A queda nas taxas ao mutuário
reduziria o montante financiado
e as parcelas. Desse modo, ajudaria a atrair mais clientes e entidades financeiras para um setor
fundamental na geração de emprego, renda e bem-estar social.
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