São Paulo, segunda-feira, 21 de fevereiro de 2000


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ABERTURA NO IRÃ

As eleição para o Parlamento iraniano, realizada na sexta-feira passada, mais do que um plebiscito sobre as propostas defendidas pelo governo reformista, representa um momento crucial também para o islamismo em outros países.
O Irã é cercado por regiões politicamente conturbadas. Ele próprio financia grupos extremistas, apesar dos esforços do presidente Mohamad Khatami, eleito em 97 com o apoio de jovens e mulheres, em tornar o regime mais democrático.
O poder do presidente, também um clérigo, é limitado pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, sucessor de Khomeini, que liderou a revolução Islâmica, há quase 21 anos. Os conservadores controlam o Judiciário, o Conselho dos Guardiões, o órgão mais influente do país, e até agora detêm a maioria no Parlamento.
Na queda de braço entre conservadores e reformistas, uma clara vitória de Khatami poderia impulsionar mudanças que promovessem a transição de uma ditadura religiosa para um regime menos autoritário.
Além dos óbvios benefícios para a sociedade civil iraniana, isso traria reflexos na região e aumentaria as chances de melhorar as relações entre Washington e Teerã.
Para atenuar o impacto de uma eventual vitória reformista, os conservadores manobraram para impugnar candidaturas da coalizão pró-Khatami. Mesmo assim, e sem poder contar com pesquisas de intenção de voto, observadores acreditam que o sucesso obtido pelos reformistas nas eleições presidenciais, em 97, e municipais, no ano passado, se repetirá.
Se isso ocorrer, a distensão no Irã, berço de uma das mais radicais revoluções fundamentalistas do século, poderá contaminar outras nações. Resta saber se Islã e valores democráticos ocidentais seriam compatíveis e que resposta os conservadores dariam à perda de seus poderes.


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