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ABERTURA NO IRÃ
As eleição para o Parlamento iraniano, realizada na sexta-feira passada,
mais do que um plebiscito sobre as
propostas defendidas pelo governo
reformista, representa um momento
crucial também para o islamismo em
outros países.
O Irã é cercado por regiões politicamente conturbadas. Ele próprio financia grupos extremistas, apesar
dos esforços do presidente Mohamad Khatami, eleito em 97 com o
apoio de jovens e mulheres, em tornar o regime mais democrático.
O poder do presidente, também
um clérigo, é limitado pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, sucessor de Khomeini, que liderou a revolução Islâmica, há quase 21 anos. Os
conservadores controlam o Judiciário, o Conselho dos Guardiões, o órgão mais influente do país, e até agora detêm a maioria no Parlamento.
Na queda de braço entre conservadores e reformistas, uma clara vitória
de Khatami poderia impulsionar mudanças que promovessem a transição
de uma ditadura religiosa para um regime menos autoritário.
Além dos óbvios benefícios para a
sociedade civil iraniana, isso traria reflexos na região e aumentaria as
chances de melhorar as relações entre Washington e Teerã.
Para atenuar o impacto de uma
eventual vitória reformista, os conservadores manobraram para impugnar candidaturas da coalizão pró-Khatami. Mesmo assim, e sem poder
contar com pesquisas de intenção de
voto, observadores acreditam que o
sucesso obtido pelos reformistas nas
eleições presidenciais, em 97, e municipais, no ano passado, se repetirá.
Se isso ocorrer, a distensão no Irã,
berço de uma das mais radicais revoluções fundamentalistas do século,
poderá contaminar outras nações.
Resta saber se Islã e valores democráticos ocidentais seriam compatíveis e
que resposta os conservadores dariam à perda de seus poderes.
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