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A CIÊNCIA DE BUSH
As acusações são graves, partem de gente com credibilidade
e atingem ninguém menos do que
um dos homens mais poderosos do
mundo. O réu é o presidente George
W. Bush. Os acusadores são um grupo de 60 cientistas, entre os quais se
contam 20 ganhadores de prêmios
Nobel. E as 37 páginas de acusações
feitas pela União dos Cientistas Preocupados podem ser resumidas na seguinte frase: deliberada e sistematicamente omitir e distorcer dados
científicos de modo a servir a seus interesses políticos. A Casa Branca rechaça as imputações.
O manifesto, em que os pesquisadores pedem ao Congresso que tome
providências para evitar que a tendência de falsear dados científicos se
repita no futuro, cita como áreas
mais afetadas pelas distorções o ambiente, a saúde humana e a segurança. Os procedimentos mais utilizados foram censurar e suprimir relatórios feitos por cientistas de agências governamentais, abarrotar comitês científicos com indicações políticas, dispersar comissões que faziam sugestões indesejadas e, em alguns casos, rejeitar conselhos científicos de grupos independentes.
É particularmente grave o caso em
que a Casa Branca teria manipulado
um relatório da EPA (agência ambiental dos Estados Unidos) sobre
emissões de mercúrio e seu efeito sobre a saúde humana. Funcionários
da EPA ficaram tão frustrados com a
decisão que permitiram o vazamento
dos dados originais para a imprensa.
Decisões de governo são essencialmente políticas. Uma administração
responsável pode, dentro de certos limites, adotar medidas e políticas sobre as quais técnicos não tenham
formado um consenso ou até contra
o parecer de boa parte da comunidade científica. O que governos não podem fazer é adulterar, suprimir ou
esconder do público informações
científicas relevantes. Isso já é fraude.
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