São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2009

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Editoriais

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Foco no Afeganistão

O PRESIDENTE americano, Barack Obama, acaba de ordenar o envio de mais 17 mil militares para o Afeganistão, o que elevará o efetivo de tropas estrangeiras no país asiático para cerca de 90 mil. Começa a prometida mudança de foco na chamada "guerra ao terror". O Iraque, que ostenta níveis de violência e desagregação cadentes, deixa aos poucos de ser prioridade.
O reforço no Afeganistão, contudo, também tem caráter emergencial. Foi decidido em meio a sinais de descontrole galopante no país, com a ressurgência do extremismo do Taleban, destronado há sete anos pelos EUA.
Relatório divulgado pela ONU aponta aumento de 40% nas mortes de civis no ano passado, em relação a 2007. Foram 2.118 mortes, maior saldo desde a invasão americana, em 2001.
Os números ilustram a deterioração da segurança a seis meses das eleição presidencial afegã. Por falta de contingente no solo, as forças de EUA e Otan privilegiam ataques aéreos para atingir o Taleban -mas a tática amplia as mortes de civis.
O envio de mais tropas imita, portanto, a decisão estratégica tomada pelo governo Bush no início de 2005, que ajudou a mudar o curso dos acontecimentos no Iraque. A estabilidade afegã, entretanto, também depende da capacidade do governo paquistanês de conter o terrorismo islâmico que dá apoio ao Taleban na fronteira entre os dois países.
Há muitas dúvidas nesse aspecto. O Paquistão concordou recentemente em estabelecer a sharia (lei islâmica) em parte da conflagrada Província da Fronteira Noroeste e suspendeu a ofensiva militar na região, na maior concessão já feita, desde que o país se alinhou aos EUA, a líderes islâmicos locais, alguns ligados ao Taleban e à Al Qaeda.


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