São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2006

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POUCO

O Banco Central não surpreendeu ao determinar, em sua reunião da quarta-feira, redução de 0,75 ponto percentual da taxa de juros básica, que foi a 15,75% ao ano. A ausência de surpresa, porém, não significa que a decisão não tenha provocado, mais uma vez, decepção. Diferentes aspectos da economia apontavam para a conveniência de uma redução maior do juro básico.
Tanto os resultados recentes da inflação como a evolução das expectativas sobre sua trajetória futura têm sido favoráveis. No atacado, a apreciação do câmbio, entre outros fatores, leva preços a recuar. A inflação projetada por bancos e consultorias mantém tendência de queda. Para o IPCA, que baliza a política de metas, a projeção já está abaixo dos 4,5% que o BC tem como alvo para 2006.
A evolução recente da cotação do dólar também apontava a conveniência de uma redução mais substancial da taxa de juros. A farta liquidez internacional, a baixa aversão ao risco dos investidores globais, a melhora da avaliação de risco do Brasil e o superávit das contas externas se somam ao fato de que os juros praticados aqui continuam muito acima dos internacionais, mantendo a forte pressão de baixa sobre o dólar.
O fato de o BC vir comprando dólares no mercado em volume expressivo para fazer frente a essa pressão é indicativo de que reconhece o risco de perda de competitividade da economia associada a um eventual aprofundamento da onda de valorização do real. Ocorre que essa intervenção no mercado de câmbio tem custo fiscal relevante. Reduzir mais depressa os juros seria um modo mais eficaz e menos oneroso de moderar a pressão de baixa sobre o dólar.
Por fim, a queda sensível das vendas do comércio de janeiro para fevereiro, apurada pelo IBGE, é indicativa de que a atividade continua incipiente e claudicante. Também dessa ótica, portanto, uma redução mais rápida de juros seria bem-vinda.


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