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POUCO
O Banco Central não surpreendeu ao determinar, em sua
reunião da quarta-feira, redução de
0,75 ponto percentual da taxa de juros básica, que foi a 15,75% ao ano. A
ausência de surpresa, porém, não
significa que a decisão não tenha
provocado, mais uma vez, decepção.
Diferentes aspectos da economia
apontavam para a conveniência de
uma redução maior do juro básico.
Tanto os resultados recentes da inflação como a evolução das expectativas sobre sua trajetória futura têm
sido favoráveis. No atacado, a apreciação do câmbio, entre outros fatores, leva preços a recuar. A inflação
projetada por bancos e consultorias
mantém tendência de queda. Para o
IPCA, que baliza a política de metas,
a projeção já está abaixo dos 4,5%
que o BC tem como alvo para 2006.
A evolução recente da cotação do
dólar também apontava a conveniência de uma redução mais substancial
da taxa de juros. A farta liquidez internacional, a baixa aversão ao risco
dos investidores globais, a melhora
da avaliação de risco do Brasil e o superávit das contas externas se somam ao fato de que os juros praticados aqui continuam muito acima
dos internacionais, mantendo a forte
pressão de baixa sobre o dólar.
O fato de o BC vir comprando dólares no mercado em volume expressivo para fazer frente a essa pressão é
indicativo de que reconhece o risco
de perda de competitividade da economia associada a um eventual aprofundamento da onda de valorização
do real. Ocorre que essa intervenção
no mercado de câmbio tem custo fiscal relevante. Reduzir mais depressa
os juros seria um modo mais eficaz e
menos oneroso de moderar a pressão de baixa sobre o dólar.
Por fim, a queda sensível das vendas do comércio de janeiro para fevereiro, apurada pelo IBGE, é indicativa de que a atividade continua incipiente e claudicante. Também dessa
ótica, portanto, uma redução mais
rápida de juros seria bem-vinda.
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