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São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2011 |
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KENNETH MAXWELL "The Donald" A agência de classificação de crédito Standard & Poor's rebaixou as perspectivas dos títulos de longo prazo do Tesouro norte-americano de "estáveis" para "negativas". A classificação geral dos títulos públicos dos EUA não mudou. Continua a ser AAA, a mais elevada, atribuída também aos títulos britânicos, alemães e franceses. Mas a perspectiva "negativa" representa um disparo de advertência cujo alvo evidente são os políticos em Washington, que continuam brigando quanto à política fiscal e não exibem, ao menos de acordo com a opinião da Standard & Poor's, intenções de lidar seriamente com o crescente deficit norte-americano. Os mercados de ações foram apanhados de surpresa pelo alerta. E o mesmo se aplica aos políticos. Wall Street registrou queda de 140 pontos. Os mercados de ações britânico, alemão e francês também caíram pelo menos 2%. O FMI alertou na semana passada que as dimensões do deficit americano estavam criando "instabilidade". Em 2010, o deficit foi de US$ 1,4 trilhão e deve atingir US$ 1,5 trilhão neste ano. Para fins de comparação, a classificação dos títulos de longo prazo brasileiros é BBB, segundo a Standard & Poor's, e o deficit do país equivale a 66,1% do Produto Interno Bruto. Será que a Standard & Poor's tem razão quanto à capacidade (ou incapacidade) de agir dos EUA? O surgimento do mais recente candidato potencial do Partido Republicano para a eleição presidencial do ano que vem pode oferecer uma resposta. Donald Trump vem sendo alardeado (e se alardeando) como o mais efetivo adversário contra Obama. "The Donald", apelido que lhe foi dado pela ex-mulher Ivana Trump, é um magnata dos imóveis de Nova York, proprietário de cassinos e apresentador de TV famoso pelo ego superdimensionado, personalidade exuberante, penteado extravagante e o bordão "you're fired", que ele usa em "Celebrity Apprentice", o programa de TV de grande sucesso que comanda na rede NBC. O nome de Trump ocupa lugar de destaque em muitos dos edifícios conhecidos dos quais ele é dono em Nova York. Sua atual campanha pretende provar que Obama não nasceu nos EUA. Trump já ocupa o topo da lista de favoritos entre os pré-candidatos republicanos. Está cortejando os evangélicos e os eleitores do Tea Party, e agora se opõe ao aborto, bem como ao controle de armas. Alguma dessas coisas tem relação com o deficit? A Standard & Poor's diz: "Acreditamos que haja risco substancial de que as negociações no Congresso não resultem em acordo quanto a uma estratégia fiscal de médio prazo, antes da eleição presidencial e legislativa de 2012". Tem razão. KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna. Tradução de PAULO MIGLIACCI Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A história do mundo Próximo Texto: TENDÊNCIAS/DEBATES Vinicius Carrasco e João Manoel Pinho de Mello: O fracasso do leilão do Clube dos 13 Índice | Comunicar Erros |
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