|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARLOS HEITOR CONY
C'est la guerre!
RIO DE JANEIRO - O ideal seria a
desnecessidade da negociação.
Numa situação concreta, como a
do confronto entre o Primeiro Comando da Capital -o PCC- e o Estado, na semana passada, o recurso
de um compromisso entre as partes
não seria uma novidade. No varejo,
em casos isolados, houve negociação, que liberou vítimas e não impediu a prisão e a punição dos bandidos, como no episódio dos seqüestros de empresários como Abílio
Diniz e Silvio Santos.
Toda vez que estoura um caso
igual ao de agora, com bandidos
contra o Estado, a primeira atitude
das autoridades é declarar que não
haverá negociação com o crime.
Uma atitude de macho, que coloca a
primazia da ordem acima de tudo,
dando a entender que o sacrifício de
vidas é o preço que se deve pagar
para que seja garantida a soberania
do Estado.
É bem verdade que o Estado é
quase uma abstração, uma pessoa
jurídica. Quem sangra nas ruas são
pessoas físicas. O Estado tem muito
a perder, para não dizer que tem tudo a perder, uma vez que vê contestada a sua autoridade legal e moral.
O cidadão que tem a sua casa invadida, se reage com arma na mão,
comumente é sacrificado. Ele tentará negociar a própria vida, e a vida
de sua família, na base do leva isso
ou aquilo. Mais tarde, procurará recuperar o que lhe foi roubado e tomará medidas para que sua casa
não sofra novo assalto.
O Estado faria o mesmo, principalmente na tomada de medidas
que impeçam o novo confronto.
Como nas guerras, o confronto
(Estado x PCC) só acabará com a vitória de um dos lados. Vencerá o
mais forte e o mais inteligente.
No dia-a-dia da onda de violência
que atravessamos, o Estado continua sendo o mais forte, mas não o
mais inteligente.
Texto Anterior: Brasília - Valdo Cruz: Sinais trocados Próximo Texto: Antônio Ermírio de Moraes: A China e o trabalho Índice
|